sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Dia do Desassossego ... Dia de Fernando Pessoa


Sossegue, coração! Não desesperes!
Sei que  encontrou a perfeição,
Que tanto procuravas na solitude,
Triste do seu Eu ! Sinta no peito a alegria
De viver a perfeição nas suas poesias.

Sonhar foi preciso para na tênue luz,
Do seu quarto,em pé, ouvindo sua timidez,
Você inteirasse das suas tristezas,
E, escrevesse sobre a esperança,
Busca profunda do seu animus!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sono do Poeta vai muito além,
 Do desassossego incestuoso,
Marcado pela alma em desalinho
Teimosa marca num temor disforme!      Ana Marly de Oliveira Jacobino 

               Sossega, coração! Não desesperes!
    Talvez um dia, para além dos dias,
    Encontres o que queres porque o queres.
    Então, livre de falsas nostalgias,
    Atingirás a perfeição de seres. 
      Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
    Pobre esperença a de existir somente!
    Como quem passa a mão pelo cabelo
    E em si mesmo se sente diferente,
    Como faz mal ao sonho o concebê-lo! 


    Sossega, coração, contudo! Dorme!
    O sossego não quer razão nem causa.
    Quer só a noite plácida e enorme,
    A grande, universal, solente pausa
    Antes que tudo em tudo se transforme.

                           Fernando Pessoa, 2-8-1933.
  • Fernando Pessoa - O poeta de vários desdobramentos
    Fernando Pessoa - O poeta de vários desdobramentos
     Fernando Pessoa,  nasceu no dia 13 de junho de 1888 na cidade de Lisboa. Levou uma vida anônima e solitária e morreu em 30 de Novembro de 1935, vítima de uma cirrose hepática. AutoPsicografia:
  • O poeta é um fingidor.
    Finge tão completamente
    Que chega a fingir que é dor
    A dor que deveras sente.
    E os que lêem o que escreve,
    Na dor lida sentem bem,
    Não as duas que ele teve,
    Mas só a que eles não têm.
    E assim nas calhas de roda
    Gira, a entreter a razão,
    Esse comboio de corda
    Que se chama coração
    Pessoa, Fernando. Lírica e dramática, In: Obras de Fernando Pessoa  
  •  Considera-se que a grande criação estética de Pessoa foi a invenção heteronímica que atravessa toda a sua obra. Os heterônimos, diferentemente dos pseudônimos, são personalidades poéticas completas: identidades que, em princípio falsas, se tornam verdadeiras através da sua manifestação artística própria e diversa do autor original. Entre os heterónimos, o próprio Fernando Pessoa passou a ser chamado ortônimo, porquanto era a personalidade original. Entretanto, com o amadurecimento de cada uma das outras personalidades, o próprio ortónimo tornou-se apenas mais um heterónimo entre os outros. Os três heterónimos mais conhecidos (e também aqueles com maior obra poética) foram Alvaro de Campos,ricardo Reis e Alberto Caieiro

    «Fernando Pessoa em flagrante
    delitro»: dedicatória na fotografia que ofereceu à namorada Ophélia Queiroz em 1929.
                                  google

2 comentários:

  1. Querida Ana,
    Meus parabéns.
    Força, sempre, que a vida é luta renhida!
    Um grande abraço,

    ResponderExcluir
  2. Richard obrigada pela lembrança ... com carinho! Ana Marly

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário