Trabalhos publicados no Caderno do Sarau de 17 de Agosto _Homenagem para Drº Losso Netto e as Musas dos Compositores (parte III)
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Despedidas (Daniele Lima Bononi- Pagu)
Lembro-me da tarde abraseirada de quando deixei meu sertão.
Trazia no bolso esperanças que enchiam até o coração; como dizem meus amigos conterrâneos “parti tão ligeiro que carreguei o pó da seca no pé e o chapéu de coco na mão”. Na outra era um borná velho e usado de andar no lombo cansado dos jumentos, amarfanhado de trapo surrado.
Ziguezagueei terras que não havia sequer pensado existir, no caminho pensei em voltar, mas meu peito foi maior que eu e achou melhor a viagem prosseguir.
Meus olhos encheram-se de entusiasmo quando passei por verdejantes campos e entendi a frase “plantando-se tudo dá” . Ah se dá... e deram muitos frutos o meridiano que tracei no mapa, de quando saí e até onde hoje produzi.
Por isso que muitos dizem de como são “porretas” os severinos que servem, suam, são serventes e até gerentes.
Vivi, aprendi e cresci num chão que de tão branco é escandaloso, e lá o trabalho era penoso. Vim, na minha reta, parar num chão de concreto armado que de tão cinza é temeroso, e novamente aprendi, na mudança das cores, a ludibriar a fome, o povo e as dores.
Aprendi com o peito aberto que cada chão têm suas dificuldades de cultivar.
Agora sigo viagem de volta na velha risca que tracei... “vou-me embora” descansar, já que hoje não preciso mais plantar.
Poesia do Dia_Pietro Bononi lendo o seu poema no Sarau de 17 de Agosto
O beija flor está voando com as flores desabrochando.
Num lindo céu de brigadeiro o sol está sorrindo.
As flores estão contentes e as arvores crescendo.
O anoitecer é mais bonito com a Lua cheia nascendo.
Linotipo (foto: jpg - img481.imageshack.us/img481/8871/linotipiasj1.jpg)
O linotipista (Um pouco mais de história sobre o Drº Losso Netto) (Ana Marly de Oliveira Jacobino)
Toda negra a sua imponência aguçava os meus cinco sentidos. Não me lembro muito bem, pois a memória insiste em pregar peças, mas, três delas grudadas ao chão estavam instaladas num salão no prédio da Rua Moraes Barros, no centro da cidade, no Jornal de Piracicaba.
Antes de entrar ao salão colava meu corpo esquálido na parede e ouvia o barulho das matrizes que compõem a linha-bloco descerem do magazine, onde ficam armazenadas e, através do distribuidor, retornar ao magazine, depois de usadas, para aguardar nova utilização.
Devagar ia chegando ao lado do meu tio Valdir da Costa, todos os meus sentidos aguçados pelo ambiente festivo do jornal. O tio me abraçava e eu continuava com o olhar vidrado na máquina do linotipo. Ao seu lado percebia as letras como em um passe de mágica aparecerem e desaparecerem das suas mãos ligeiras.
Uma vez ou outra um senhor me pegava pelas mãos e me mostrava aquele mundo numa explosão de imagens e palavras. Os meus olhos de criança queriam escapar das órbitas por tantas novidades!
Um dia fiz uma descoberta interessante; o senhor de olhar tranqüilo era um dos donos do jornal. “Dr. Losso Netto”! Assim, deste modo, o meu tio, com carinhoso respeito; o tratava.
Percebia nestas minhas visitas, ao longo do ano, os funcionários temerosos, cochichando pelos cantos, olhando de soslaio, foi uma época maldita, a década de 1970, para toda a população, por causa da Ditadura Militar, principalmente, depois da AI5, a do tal Presidente, o General Garrastazu Médici. Este período foi marcado pelo recrudescimento da repressão política, da censura aos meios de comunicação e pelas denúncias de tortura aos presos políticos.
Enquanto, o governo gastava milhões de cruzeiros em propagandas destinados a melhorar sua imagem junto ao povo, através das mensagens bombásticas como: "Brasil, ame-o ou deixe-o"; qualquer cidadão podia ser preso se fosse desejo do governo. Nas escolas, nas fábricas, na imprensa, nos teatros, a sociedade brasileira sentia a mão de ferro da ditadura.
A malfadada ditadura não admitia críticas, nem ao menos oposição pacífica ao seu regime de terror. Muitos intelectuais precisaram deixar o país.
Um dia, lá pelos anos de 1979, em uma das minhas visitas, percebi o meu tio triste. Então, descobri: certas mudanças radicais aconteciam no Jornal de Piracicaba! As impressoras OFF-SET’S eram as novas donas do pedaço. Titio se aposentou! A tristeza invadiu a minha alma e a dele! Como acontecia há mais de três décadas, com a minha família, o jornal seria lido e relido em casa, mas, eu não teria mais a alegria de sentir a tinta fresca invadindo as minhas narinas e injetando vida ao meu sangue adolescente!
Contudo, a aposentadoria do tio Valdir durou pouco, logo, ele foi chamado pelo José Rosário para auxiliar no equipamento novo, assim, titio foi ficando por mais uma década.
Sempre percebi mesmo tão criança; o quanto o ambiente de trabalho do jornal unia e reunia os funcionários e os seus donos; formando uma família em todos os momentos. O meu tio, sem dúvida, colaborou para que essa história fosse impressa, e, eu, me apaixonei por esse mundo às vezes tão paradoxal, em que se encontram os jornais; entre a verdade e a mentira, entre o bem e o mal...
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Poema para Agosto: (Angela Reyes)Pobre alma prisionera,
dentro de la jaula de mil amores,
rompe cadenas, abre tus alas,
y remonta tu vuelo.
Pobre alma atrapada entre los escombros
de viejos recuerdos,
renueva tus plumas,busca la puerta
y escapa que la libertad te espera.
Vuela que eres libre como
el sol cuando amanece,
como la lluvia que cae del cielo
y como el viento que viaja lejos.
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Imagem de um campanário (Juraci Toricelli)
A capela no alto, deslumbrante
Um cântico litúrgico a ecoar
Repica o sino,embriaga o ar
um rumor misterioso, tosco e inebriante.
É o badalar que desdobra no campanário
Ressoando com angustia pelo imenso sertão
Trazendo suspiros, chorosa meditação
uma saudade , um amor longínquo, imaginário
No meio da mata sonolenta, fechada
Um canto tristonho parece associar:
O uirapuru em melancolia a cantar
Menestrel de paixões qual harpas em noites enluaradas.
Reminiscências, desejo não realizado
Tudo o campanário apresenta
O crepúsculo mais se acalenta
São sonhos, são amores, são lembranças do passado.
Convites:
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Sarau Literário Piracicabano de 14 de Setembro de 2010 apresenta: “Uma noite de tango em Buenos Aires”_
HOMENAGEADOS: Carlos Gardel e casal de poetas de Bragança Paulista: Ondina e Juraci Torricelli
Local: No Teatro Municipal “Dr. Losso Netto na sala 2
Rua Gomes Carneiro, 136 -Piracicaba-SP
Dia: 14 de Setembro (Terça-feira): 19h30 às 21h30
Ingresso: Gratuito (limite 100 lugares)
Classificação: Livre
Telefone do Teatro: 19. 3433.4952
Ah, os versos na doce Língua de A. Reyes!
ResponderExcluirAbraços a todos!