domingo, 15 de janeiro de 2012

Literatura de Cordel os versos melodiosos...

"Os relatos dos trovadores orais do Renascimento caiu no gosto do brasileiro vindas pelas mãos dos colonizadores, com isso,  incentivou a inventividade e a criticidade nas classe mais humilde, levando as palavras em formas de versos rimados pelos sertões. As suas gravuras (xilogravuras), sem dúvida, é uma permanência do traço medieval da cultura portuguesa absorvida pelos cordelistas deixa tudo mais interessante. O cordel faz essa mágica de mostrar a beleza da cultura popular nordestina, agora, sendo reconhecida pelos leitores de todo o nosso país!"            
                                                      Ana Marly de Oliveira Jacobino
 As primeiras manifestações da literatura popular no ocidente ocorreram por volta do século XII. Peregrinos encontravam-se no sul da França, em direção à Palestina; no norte da Itália, para chegar à Roma; e ainda na Galícia, no santuário de Santiago. Nesses encontros eram transmitidas as histórias e compostos os primeiros versos, de forma muito primitiva. Nossa literatura de cordel é caracterizada, principalmente, pela poesia popular. A prosa aparece muito mais na forma oral, que passa de geração para geração. O nome cordel está ligado à forma de comercialização desses folhetos em Portugal, onde eram pendurados em cordões, chamados de cordéis.

As capas dos folhetos de cordel são tingidas em tons de verde, amarelo, rosa e azul e trazem uma xilogravura ““ resultado da impressão feita com uma espécie de carimbo talhado numa matriz de madeira. A técnica já era conhecida na antigüidade e foi utilizada na Europa no século XV para ilustrar cartas de baralhos e imagens sacras. De lá veio para o Brasil em 1808, com a Imprensa Real Portuguesa. No nordeste, a arte alcançou tamanho destaque que muitos xilogravuristas se tornaram famosos tanto quanto os autores dos versos. Artistas como os pernambucanos J. Borges e Silva Samico que são conhecidos em todo o mundo.

Para uma poesia ser considerada Literatura de Cordel, as características fundamentais são simplicidade, através do uso de termos compreensíveis, sem necessariamente compor um texto forçado; relato, considerando que a poesia de cordel deve conter uma história; e rima, dentro daqueles estilos tradicionais (preferimos rimar em estrofes de sete versos).
No Brasil, a literatura de cordel é produção típica do Nordeste, sobretudo nos estados de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará. Costumava ser vendida em mercados e feiras pelos próprios autores. Hoje também se faz presente em outros Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
                  As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos.
 Sextilha é a mais conhecida. Estrofe ou estância de seis versos. Estrofe de seis versos de sete sílabas, com o segundo, o quarto e o sexto rimados; verso de seis pés, colcheia, repente. Estilo muito usado nas cantorias, onde os cantadores fazem alusão a qualquer tema ou evento e usando o ritmo de baião.

Quem inventou esse "S"
  Com que se escreve saudade
    Foi o mesmo que inventou
      O "F" da falsidade
        E o mesmo que fez o "I"
           Da minha infelicidade


 Oitava na poesia popular, cantada, na qual os três primeiros versos rimam entre si, o quarto com o oitavo, e o quinto, o sexto e o sétimo também entre si.

Todas as estrofes são encerradas com o verso: Nos oito pés a quadrão. Vejamos versos de uma contaria entre José Gonçalves e Zé Limeira: - (AAABBCCB)
               Gonçalves:
Eu canto com Zé Limeira

Rei dos vates do Teixeira
Nesta noite prazenteira
Da lua sob o clarão
Sentindo no coração
A alegria deste canto *
Por isso é que eu canto tanto *
NOS OITO PÉS A QUADRÃO
                 Limeira:
Eu sou Zé Limeira e tanto
Cantando por todo canto
Frei Damião já é santo
Dizendo a santa missão
Espinhaço e gangão
Batata de fim de rama *
Remédio de velho é cama *
NOS OITO PÉS A QUADRÃO.

Leandro Gomes de Barros _ O paraibano Leandro Gomes de Barros, pioneiro na publicação de folhetos rimados, é autor de uma obra vastíssima e da mais alta qualidade, o que lhe confere, sem exageros, o título de poeta maior da Literatura de Cordel. Nascido em Pombal-PB, em 19 de novembro de 1865, faleceu no Recife-PE, em 04 de março de 1918, deixando um legado cerca de mil folhetos escritos, embora centro cultural algum registre tal façanha.
Foi, porém, o maior editor antes de João Martins de Athayde, que o sucedeu. O vigoroso programa editorial de Leandro levou a Literatura de cordel às mais distantes regiões, graças ao bem sucedido projeto de redistribuição através dos chamados agentes.  
 João Martins de Athayde _ Nasceu no dia 24 de junho de 1880, em Cachoeira da Cebola, no município de Ingá, Paraíba. Trabalhou como mascate e atraído pela febre da borracha, foi para o Amazonas onde teve 25 filhos com as caboclas das tabas indígenas. Retornou ao nordeste e transferiu-se para Recife, onde fez curso de enfermagem.
Em 1921, já com bela fortuna amealhada, comprou o famoso projeto editorial de Leandro Gomes de Barros, tornando-se o maior editor de literatura de cordel de todos os tempos. Vendo que oitenta por cento dos folhetos vendidos nas feiras era de humor ou de pelejas, e tendo especial vocação para duelos verbais, inclinou sua pena para esse tipo de produção. Usando personagens reais e fictícias, escreveu mais de uma dezena de pelejas até hoje muito procuradas e lidas, como a de "Serrador e Carneiro".

Patativa do Assaré "Eu, Antônio Gonçalves da Silva, filho de Pedro Gonçalves da Silva, e de Maria Pereira da Silva, nasci aqui a 5 de março de 1909, no Sítio denominado Serra de Santana, que dista três léguas da cidade de Assaré. Com a idade de doze anos, freqüentei uma escola muito atrasada, na qual passei quatro meses, porém sem interromper muito o trabalho de agricultor.
Saí da escola lendo o segundo livro de Felisberto de Carvalho e daquele tempo para cá não freqüentei mais escola nenhuma. Com 16 anos de idade, comprei uma viola e comecei a cantar de improviso, pois naquele tempo eu já improvisava, glosando os motes que os interessados me apresentavam. Nunca quis fazer profissão de minha musa, sempre tenho cantado, glosado e recitado, quando alguém me convida para este fim."

fotos google
Academia Brasileira de Literatura de Cordel

Literatura de cordel na Fundação Casa de Rui Barbosa
http://www.ablc.com.br/historia/hist_cordel.htm

Obras e Autores da Literatura de Cordel



Um comentário:

  1. pow vÊ se vcs fazem a literatura da musica :" Quando oiei a terra ardendo qual a fogueira da São joao..."

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