sábado, 24 de julho de 2010

E a festa continua na Agend@!


OS QUATRO TEMPOS(Quatro sonetos)

                                                            Zé Rui Kleiner (Para Vinicius )
I – PASSADO
Houve um tempo qual se ouviu sentimento
Que a vantagem se errava nos trajetos
Cuja maior chantagem era um gesto
De cantar na janela sob o vento.


Nossa dor se media nos infestos
Bailes regados aos doces momentos
Os quais, ciúmes dos atrevimentos,
Embarcavam em fúteis manifestos.


Alcancei-me, porém, dessa janela
Em que passei por mim distorcido
Como se eu fosse apenas uma tela


Passados tempos, dias encolhidos
Percebi meu passado sentinela
Da janela vi um ser desvanecido.
                                                    foto: jpg - i.olhares.com/data/
No abandono de mim

                                                 Ondina Bueno Toricelli (Bragança Paulista)


Sozinha, por onde passo
lágrimas deixo em terra batida
trilhas riscadas em chão esgarço
desesperançada, descontente, perdida.


ramos virentes suspiram
pesados de água sobejas
suavemente nos braços atira
diáfanas gotas, brilho de estrelas.


ouço no sussurro do vento
o demorado abraço ardente
é boreas que zeloso beija
as flores flavas cadentes.


nem os pirilampos vagueiam
lustrando o vergel umidecido
pelas gotas chorosas da noite
pelos meus sonhos perdidos.

Oh! estrela D`alva desencontrada
empresta-me do seu brilho rutilante
ilumina meus passos incertos
de beduino no areal causticante.
                                                          foto: jpg - 4.bp.blogspot.com/

OS GEMIDOS DA VIOLA
Juraci Toricelli - Bragança Paulista.


É com o galo da campina
fazendo coro com uma estrela divina
num idílio enciumado
que a vida ecoa nas noites do sertão


A flagrância, o aroma sufocado
no suspiro da flor, sonhos de namorados
a harmonia da viola que chora
traz uma dor no coração .


O silencio da noite então desce
indolente, o gemido cresce
É o palpitar da viola faceira
na cantiga em homenagem ao luar.


São vibrações amorosas
lamentos, saudades desditosas
É o harpejo que rola
nos deixando a sonhar.
foto: academiaparanademusica.com.br



A MINHA VIDA...
Richard Mathenhauer
... é
como o ranger
do assoalho podre
destas velhas casas
que aos poucos se foram
deteriorando, ora pelo tempo,
ora pelo descaso dos humanos.
É como os jardins abandonados
com seus bancos carcomidos
assim como carcomida a Banhista
num lago seco e tomado de mato.
É como as paredes
trincadas com seus
motivos florais desbotados
nos papéis-de-parede
que se vão soltando
como se se soltassem
para a queda final.
É como as janelas
sempre fechadas e cujas madeiras,
tais quais as das portas,
duplas e imensas
que perderam a cor
e aos poucos vão-se
desfazendo na voracidade
dos cupins.
A minha vida é assim
como estas antigas
e velhas casas onde não há móveis,
e se os há, há poucos
abandonados e quebrados
nalgum canto ou no centro da sala...
Casas velhas e antigas
povoadas por fantasmas e
memórias e memórias de fantasmas;
todavia, ainda em pé!
Evocando naqueles que as veem
uma imagem do que foram
e do que poderiam ser."

O que sou eu?

                                                              Edson Antonio Di Piero.
O que sou eu?
Um humano.
Um cristão.
Um romântico.
Um pobre diabo.
O que sou eu?
Uma simples pessoa.
Uma humilde alma.
Sou pensamentos.
Sou sonhos.
Quero ganhar o mundo.
Quero ser feliz.
Só quero ser alguém.
Qualquer alguém.
Não tenho identidade.
É tão difícil ser alguém.
Será que é tão difícil ser amado.
Será que é tão complicado assim.
A felicidade é rara.
É raro me sentir feliz.
DIA DA VOVÓ

                                                               Esther Vacchi Passos


Parabéns vovó, você é meu xodó
Desejo sempre estar contigo
Sorriso meigo pelos anos marcado
 Com você encontro verdade e abrigo


 Risada gostosa em qualquer tempo
Tem cheiro e sabor de bom tempero
Ovo quente e bolo a qualquer momento
É tão facil te amar, amor sem preço


Seu jeito de andar, de servir e de amar
 Está sempre pronta a me aconchegar 
 Paz nos desenganos e sorrisos de montão


 Pedi a Jesus para o tempo não passar
 Somente em teus braços me abandonar
 Eu te amo vovó, com ternura no coração.

                                              Mais do Sarau Literário Piracicabano

Ouça: Ana Lucia Stipp Paterniani (flauta transversal e voz), Carlos Roberto Furlan (violão e voz) e Suzi Furlan (voz); Galvani Luppi (voz)


Insensatez-Composição: Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes

http://www.youtube.com/watch?v=89Rii1bT7_k

Convite para você


                                Sarau Literário Piracicabano de 17 de Agosto de 2010


** Sarau Dr. Losso Netto: HOMENAGEADOS: Drº Losso Netto (100 anos de nascimento) do Jornal de Piracicaba e as “Musas dos compositores- poetas”

                                                       Meu endereço no twitter

http://twitter.com/AnaJacobino

Um comentário:

  1. Oi, Ana!
    Obrigado por publicar meus versos no seu (nosso!) maravilhoso espaço cultural.

    Abraços!

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