segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Dia do Poeta (20 de Outubro) ; Homenagem na Agend@!

Richard Mathenhauer ( poeta de Rio das Pedras) nas suas poesias a procura de experiências, paisagens, sentimentos, valores e o resgate dos grandes nomes da Literatura! A sua poesia ao mesmo tempo em que nos impacta dum estado de alma repleto de percepção, passa diante dos nossos olhos, o externo, isto é, o mundo das suas leituras, lembranças; o mundo vivido por ele e por todos nós, seus leitores.Tenho a absoluta certeza que o Mathenhauer, assim como Álvares de Azevedo, Camilo Castelo Branco, Casemiro de Abreu, Castro Alves, Carlos Drummond, Cecília Meireles, Charles Baudelaire, Cora Coralina, Cruz e Souza, Fernando Pessoa, Francisca Júlia da Silva Münster, Florbela Espanca, Ferreira Gullar, Gonçalves Dias, Edgar Alan Poe, Machado de Assis, Manoel Bandeira, Manoel de Barros, Paulo Leminski, Pablo Neruda, Rubén Dario, Vinicius de Moraes, e tantos outros poetas lidos e relidos, nos mostram a verdade. É lógico, que vem na forma poética, abusando das metáforas, mas, a verdade está ali, nua e crua para quem for um leitor atento e apaixonado pela busca do inusitado, o que não é visto somente a partir da racionalidade.(...) Ana Marly de Oliveira Jacobino

Último Pensamento (Tributo aos poetas)
Richard Mathenhauer

Quando Virginia Woolf
Aproximou-se da borda do rio Ouse
Talvez lhe tenha passado pela cabeça
Se a água estaria gelada.

Quando Paul Celan
Deteve-se na mureta da ponte Mirabeau,
Talvez lhe tenha passado pela cabeça
A Desconhecida do Sena.

Quando Florbela Espanca
Segurou os dois frascos de Veronal
Talvez lhe tenha passado pela cabeça
Uma figueira seca em Vila Viçosa.

Quando Ernest Hemingway
Tirou o rifle de sobre a parede
Talvez lhe tenha passado pela cabeça
Algum toureiro de Pamplona.

Quando Mário de Sá-Carneiro
Depois de ingerir o arsênico,
Talvez lhe tenha passado pela cabeça
Se o amigo viria às 8 em ponto.

Quando Sylvia Plath
Abriu o gás na cozinha
Talvez lhe tenha passado pela cabeça
Se vedara bem a porta do quarto dos filhos.

Quando Maiakovski
Apontou a arma para o coração
Talvez lhe tenha passado pela cabeça
A última noite com Nora.

Quando Georg Trakl
Debatia-se em overdose
Talvez lhe tenha passado pela cabeça
Os cabelos de sua irmã.

Quando Francica Júlia da Silva Münster

Deita-se na cama com narcóticos, após o velório de Filadelfo,

Talvez lhe tenha passado pela cabeça

Que no dia seguinte seria para sempre Finados.

Quando Antero de Quental
Estirado no jardim de São Gonçalo, agonizava,
Talvez lhe tenha passado pela cabeça
Que a morte demorava muito...

Quando Heinrich von Kleist
Olhou o corpo de Henriette e ergueu a arma
Talvez lhe tenha passado pela cabeça
Que era tarde demais para desistir do pacto.

Quando Stefan Zweig
Dividiu os barbitúricos com a companheira
Talvez lhe tenha passado pela cabeça
Que Petrópolis era a cidade ideal para viver.

Quando Camilo Castelo Branco
Carregava a arma naquela tarde de junho
Talvez lhe tenha passado pela cabeça
A última conversa com o oftalmologista.

Quando o último pensamento
Morria na cabeça dos suicidas,
Os anjos cruzavam os céus
Para lhes amparar a alma que caía.
Mesmo antes de seu nascimento, a vida de Florbela Espanca já estava marcada pelo inesperado, pelo dramático, pelo incomum. Seu pai, João Maria Espanca era casado com Maria Toscano. Como a mesma não pôde dar filhos ao marido, João Maria se valeu de uma antiga regra medieval, que diz que quando de um casamento não houver filhos, o marido tem o direito de ter os mesmos com outra mulher de sua escolha. Assim, no dia 8 de dezembro de 1894 nasce Flor Bela Lobo, filha de Antónia da Conceição Lobo. João Maria ainda teve mais um filho com Antónia, Apeles. Mais tarde, Antónia abandona João Maria e os filhos passam a conviver com o pai e sua esposa, que os adotam. Em dois de dezembro de 1930, Florbela encerra seu Diário do Último Ano com a seguinte frase: “… e não haver gestos novos nem palavras novas.” Às duas horas do dia 8 de dezembro – no dia do seu aniversário Florbela D’Alma da Conceição Espanca suicida-se em Matosinhos, ingerindo dois frascos de Veronal. Algumas décadas depois seus restos mortais são transportados para Vila Viçosa, “… a terra alentejana a que entranhadamente quero”.
Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu na cidade de São Paulo em 12 de setembro de 1831. Ainda criança transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro, onde fez o curso primário. Em 1848, retornou a São Paulo e matriculou-se no curso de Direito.Álvares de Azevedo, representante brasileiro mais legítimo do mal-do-século, foi fortemente influenciado por Lord Byron e Musset. Sua poesia é marcada pelo subjetivismo, melancolia e um forte sarcasmo. Os temas mais comuns são o desejo de amor e a busca pela morte. O amor é sempre idealizado, povoado por virgens misteriosas, que nunca se transformam em realidade, causando assim a dor e a frustração que são acalmadas pela presença da mãe e da irmã.Já a busca pela morte tem o significado de fuga, o eu-lírico sente-se impotente frente ao mundo que lhe é apresentado e vê na morte a única maneira de libertação.

FRANCISCA JÚLIA DA SILVA (1871-1920) nasceu na antiga Vila de Xiririca, hoje Eldourado, no vale do Ribeira, São Paulo. Poeta do Impassível, valendo-se de uma linguagem e de figuras mitológicas e históricas próprias de um gosto parnasiano, encantou os seus contemporâneos. Seus últimos poemas já denotam algumas tendências ao simbolismo. Sobre seu túmulo está a estátua da “Musa Impassível”, de Victor Brecheret, em homenagem a um de seus poemas mais famosos. Casou-se em 1909, recolhendo-se à vida particular e praticamente abandonando a atividade literária. Faleceu em circunstâncias pouco claras, no dia em que seu marido deveria ser enterrado. Não se sabe se por erro ou voluntariamente tomou excessiva dose de calmantes, vindo a falecer. Francisca Júlia morreu de amor.

Mario Quintana Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Há ! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai ! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas : ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a eternidade. Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que nunca acho que escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso ! sou é caladão, instrospectivo. Não sei por que sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros ?

Clique no endereço abaixo e ouça:

1) Canção O MAPA, música de Juli Manzi e Gustavo Steffens sobre poesia de Mário Quintana na voz de Adriana Deffenti

http://www.youtube.com/watch?v=sRdhLW7FiMI

2)Meus amigos,

Apresento-lhes amigos nossos de BH: Evaldo - compositor, violonista e cantor;
Luciano Luppi, ator, produtor ee professor de artes cênicas e,
Ivana Andrés, que além de cantora e artista plástica, é professora de pintura, para pessoas especialissimas - (companheira do Luciano).
Esses artistas apresentam shows de música, voz cantada e recitada em eventos nacionais.

Eles estão desenvolvendo esse projeto de superação de dificuldades pela arte. ......VALE A PENA ASSISTIR. (Roseane Luppi_ cantora)

http://www.youtube.com/watch?v=Bp9IZ9OZKqQ

3 comentários:

  1. Ah, Ana!
    Quanta gentileza existe em você!
    Obrigado pela lembrança, pela carinhosa homenagem.
    Obrigado por mim e por todos nós que bebemos na sua fonte!
    Com carinho e amizade,
    Richard

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  2. Olá, querida! Estou em SAMPA, mas ligada no seu Blog Maravilhoso! Mil carinhos, Mel Redi

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  3. Mélzinha: estamos com saudades. Você e Angelita fazem muita falta para todos. Sei que é por uma boa causa, mas a saudade é grande.

    Beijos

    Ana Marly de Oliveira Jacobino

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