terça-feira, 12 de maio de 2009

Nos embalos do iê iê iê

Eduardo Araujo, Vanderlei Cardoso, Roberto e Erasmo Carlos, Martinha e Vanderléia!
Roberto Carlos (Rei da Jovem Guarda)

Os Vips (Jovem Guarda)


No Brasil contemporâneo, a desmobilização política das massas, pode-se ser encontrada na linguagem musical, transmitida através de valores incorporado pela indústria do disco, da moda cinematográfica e, de um modo geral, pela indústria do consumo, o rock’n roll tornou-se a expressão da juventude começou a aparecer na cena cultural, social e política.
Nos anos 50, a chegada visível da figura do Tio Sam ao Brasil, com a difusão da cultura e produtos norte americano, passaram a influenciar o mercado musical brasileiro.
A juventude brasileira passou a consumir o rock. As músicas de Elvis Presley e do conjunto de Bill Halley invadiram as emissoras de rádio.
O rok’n roll dos anos 50, apesar de chocar os padrões morais da época, não era uma música politicamente engajada. Seus temas figuravam a exaltação à dança e ao ritmo da música às histórias de colégios, além da descrição de carros e relacionamentos amorosos com as garotas.
No Brasil, o rock despertou a paixão dos jovens de classe média. Celly Campello estourou na parada com Estúpido Cupido. No final da década de 50 e ao longe dos anos 60, lambretas e “carros envenenados” estacionavam nos bares da zona sul do Rio e no centro de São Paulo. Jânio Quadros governador do estado, proibiu a execução de rock em bailes, alegando que a dança do iê iê iê era uma afronta à moral e aos bons costumes. Mas deu em nada.
A tv Record, surge o programa Crush em Hifi, com Celly e Tony Campelo, transmitido até 1962. alias a Record foi o principal cana de expressão e de divulgação deuma música jovem de consumo, que acabou desembocando no movimento da jovem guarda.
Em 1965, estreava o programa Jovem guarda, apresentada por Roberto Carlos – o rei da juventude, Erasmo Carlos – o tremendão e Wanderléia, a ternurinha. Não era só apelido e sim verdadeiras marcas registradas, no sentido comercial do termo, ao lado do nome do programa e de símbolo: “O calhambeque”.
Em pouco tempo, a jovem guarda fazia sucesso total nas tardes de domingo, juntamente com grupos com os Jordans, Os Vips, Os incríveis, os Feveres, Goldem Boys, Renato e seus Blue Caps (conjunto que teve em seu início a participação de Erasmo Carlos), Jerry Adriani, Wanderlei Cardoso, Martinha, Rosemary, Eduardo Araújo, Leno e Liliam, além de muitos outros.
A nova moda entrava nos lares, nos ouvidos e nos guarda-roupas. Para os rapazes, a onda era usar cabelos compridos – influência dos Beatles e calça colantes bicolores, com indispensável boca de sinos. A minissaia era a peça básica da “garota papo firme”, acompanhadas por botas de cano altos e cintos coloridos. O mascar chicletes e falar gírias. A moda pegou e a juventude passou a consumir ferozmente tudo o que as indústrias da moda enfiavam goela baixo!
As letras da música, misturavam palavras adocicadas e história ingênuas ao ritmo agressivo das músicas. A jovem guarda potencializava as primeiras manifestações do corpo como fonte de prazer para os adolescentes, e o amor, o namoro, os beijos, a minissaia e a dança, tornaram-se elementos de transgressão dos valores moralizantes da época outro dos limites permitidos pela sociedade.
Um exemplo é o sucesso de Roberto Carlos na música:








Podemos perceber, que a jovem guarda encontrava-se distante do universo pensante da maioria da intelectualidade e dos jovens universitários brasileiros, preocupado com o papel da arte na conscientização das desigualdades sociais e na resistência o regime militar no país. Os setores de esquerda acusavam os cantores da jovem guarda de serem alienados, por não se posicionarem contra a ditadura, que havia instalado no país.
A intelectualidade e os mais politizados desprezavam as canções de rimas leves que falavam de amor, como na letra Quero que vá tudo pro inferno, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.
Essa divisão entre cultura engajada e cultura de consumo ou “arte alienada” se projetou, de início, entre os públicos dos programas O fino da bossa e jovem guarda. Mais tarde, essa divisão foi transposta para os festivais, na oposição entre os defensores da música de protesto e os tropicalistas.
Toda a nossa desinformação é parcela do preço que pagamos por termos uma educação e comunicação dominada por ideologias da “massificação” e “alienante”.
A cultura não só expressa as condições materiais de um povo, mas também enquanto idéias e sentimentos, que pode ser arma importante no seu processo de transformação.
Ávidos por sucesso e por dinheiro, tais apresentadores e suas gravadoras divulgam, exaustivamente, com um marketing agressivo, o produto final de má qualidade: a música repetitiva à exaustão e a letra pobre ( que induzem as crianças a erros conceituais, morais, etc). A conseqüência é o consumismo exagerado desse produto descartável. Cabem as pessoas desenvolverem um espírito mais crítico quando ouvem música.
Acreditar nas mudanças e que vale a pena lutar por um mundo melhor, mais justo, mais humano e livre de preconceitos esta deve ser a bandeira das gerações futuras.

Sandra Maria Vacchi é professora de história na rede estadual de ensino de SP
Email:
sandravacchi@yahoo.com.br



Convite:



Sarau Literário Piracicabano para o dia 19 de Maio (terça-feira) na Sala 2 do Teatro Municipal Dr. Losso Netto (Rua Gomes Carneiro , 1212 – Centro Piracicaba, SP, Brasil), 19h 30min às 21h30min.


Os homenageados da Literatura Nacional: Manuel Antônio Álvares de Azevedo, a poeta portuguesa: Florbela Espanca , também a homenageada pelo exemplar trabalho para a Literatura de Piracicaba e região e também Diretora da Biblioteca Municipal de Piracicaba e uma das apresentadoras do Programa Educativa nas Letras: Lucila M Calheiros Silvestre.













2 comentários:

  1. Grande amiga e incentivadora da literatura, aqui é seu fã! Estou desaparecido do mapa, né? Vou te contar os motivos:

    Esta semana, mais uma vez, fui chamado a fazer um projeto no JP. Uma nova diagramação para o caderno Arraso, de moda (saiu nesta quinta). Depois te conto os detalhes por e-mail.

    Deve ter percebido que eu nao postei nada no meu "brogue", mas logo logo terei novidades.

    Esta semana complicou ainda mais porque Saltinho completa 17 aninhos na terça e estou nos preparativos...

    No máximo até domingo eu vou fazer as atualizações por aqui, aquelas que pediu para mim por e-mail. Não me esqueci de vc! (aliás, recebi o email do Sarau de Rio das Pedras e fiquei super feliz em saber).

    Um super beijo, adorei a homenageada deste mês no Sarau. A Lucila, de fato, é uma lutadora! Merecido!

    Visite o brogue da nossa amiga Andrea, ela trouxe coisas novas por lá!

    Agora vou dormir porque acordo às 6h para encarar os ônibus até Saltinho amanhã!

    De seu admirador

    Rodrigo Alves (00h50, acabei de chegar do jornal e estou precisando de um banho).

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  2. Carinho: por muitoa anos tive um horário louco: deitava depois das aulas noturnas (como professora) depois da 1 da manhã as 4Horas estava em pé (sem fazer barulho) preparando os lanches, a pasta com as apostilas e livros para pegar o onibus as 6 e ir até Cerquilho dar aulas. E a tarde depois de voltar as 14 horas, preparar o almoço-jantar arrumar a casa e voltar a sala de aula, aos sábados fazia Mestrado....ah! O que fazia aos domingos...correção de centenas de provas...Beijos, Carinho, estou com você...sempre!Dorme um sono tranquilo, sonha com muitos anjinhos barrocos, iguais a do Mestre Aleijadinho...

    Ana Marly

    Ana Marly

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