A critica literária Noemi
Jaffe leu um trecho do poema de Ana Martins Marques,
Fruteira
Quem se lembrou de pôr sobre
a mesa
Essas
doces evidências da morte"
Noemi questionou de onde elas tiram tanta
vivência, com essa dor muitas vezes imensurável presente nos versos se ainda
são tão jovens.
Ana Martins respondeu:
—
Nos meus poemas, há uma chave de desencanto, como se no final, por exemplo, os
últimos versos desdizessem o poema. O que explica talvez o fato de eu sempre
ter antes os versos finais. Mas eu gostaria que a leitura deles fosse uma forma
de felicidade, um ponto de alegria.
Comecei a escrever ainda adolescente e
percebo que os versos começaram nas sombras, mas foram clareando com o tempo,
responde Bruna Beber, transcrevo a sua resposta para Noemi:
—
Eu trato as palavras muito de perto, para mim é uma brincadeira escrever
poesia. Refaço um poema um milhão de vezes, gasto as palavras, mas não sei de
onde vem essa carga de vivência que você observou.
Alice
Sant'Anna remete ao livro “Elogio da sombra" da sua leitura,
para falar das sombras dos seus poemas. Abro aqui uma observação: não sei o
motivo que fiquei em dúvida, com os títulos dos livros: “Elogio da Sombra” de
Jorge Luis Borges e o “Elogio
da Sombra” de Junichiro Tanizaki;
penso que tirei um cochilo breve, pois anotei a sua resposta:
—
Eu entendo a sombra, neste caso, como um meio termo entre a poesia
"solar", que falou a Ana, e a poesia "das trevas", que
falou a Bruna. Acho que é mais ou menos como a sombra da luz natural. Se a luz
elétrica faz uma sombra mais constante, a sombra da luz natural é mais
hesitante. Acho que é mais por aí, as sombras que identifico nos meus poemas
são mais hesitantes.
As poetas contaram como fazem
a limitação dos versos das suas poesias:
Bruna Beber explica:
—
Eu busco o tom de bate-papo. Leio em voz alta, canto minhas poesias, a maneira
como elas soam, para mim, é mais importante do que a forma. Meu corte é feito
com os ouvidos. Mas também gosto de observar os versos na página. Gosto que
eles se pareçam a um poste, a uma escada, quando impressos. É frescura, mesmo!
—
Eu gosto de pensar na parte gráfica do poema, de deixar uma espécie de abismo
ao final dos versos. Não gosto de versos longos. _ comenta Ana
Martins
Alice
Sant'Anna:
— Eu não faço versos que acompanhem a
respiração. Não sei se as pessoas percebem que faço isso, mas faço — diverte-se
a jovem, que espantou a audiência ao ler um poema em que descrevia um suposto
assassino do eu-lírico metida num vestido florido de boneca. — Gosto de
construir versos que provoquem uma certa ambiguidade na leitura. _ Ana Marly de Oliveira Jacobino
Paraty desfila para os meus olhos
E a beleza está onde os nossos olhos a encontram... muitas vezes camufladas e longe dos olhos que teimam em olhar para o chão...
Veja o motivo de Paraty ser tão bela pelos meus olhos ... sonhadores por ver tanta beleza...Paraty revela surpresas... moldura florida para quem transpor a porta...
Luz e sombra encantam o explorar dos olhos atentos...Ruelas da bela Paraty
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