"Lobato nunca fez literatura por literatura. Poucos escritores botaram tanta intenção, tanto sofrimento, tanta preocupação, tão sério amor, nos seus livros e nos seus artigos, como o fez ele, em sua literatura combativa e tantas vezes combatida" Orígenes Lessa
O Presidente Negro _ uma das grandes obras de Monteiro Lobato: “O Presidente Negro” é uma obra duplamente curiosa: primeiramente por se tratar de uma ficção científica, gênero pouco cultivado entre os escritores brasileiros; e em segundo lugar porque em sua trama retrata o debate científico e intelectual vigente nas primeiras décadas do século XX.
“Monteiro Lobato um Escritor completo”
Para a maior parte do público leitor brasileiro, Monteiro Lobato (1882-1948) é lembrado pelos episódios da série O Sítio do Pica Pau Amarelo. Muitos, porém, desconhecem a “obra para adultos” que Monteiro Lobato escreveu, tão importante quanto sua literatura infanto-juvenil. Nestas obras Lobato discute os grandes temas da sua época, e como intelectual que foi, usa da literatura para se posicionar perante a sociedade brasileira. Nacionalista, desenvolvimentista e muitas vezes acusado de preconceituoso, suas idéias provocam polêmica ainda hoje, e seus livros continuam sendo alvo de intensos debates entre pesquisadores e leitores atentos.
Entre estes livros polêmicos de Monteiro Lobato está um intitulado “O Presidente Negro”. Originalmente publicado em 1926, como folhetim, no jornal A Manhã, (onde recebeu o título de “O Choque das Raças”, hoje seu subtítulo), “O Presidente Negro” é uma obra duplamente curiosa: primeiramente por se tratar de uma ficção científica, gênero pouco cultivado entre os escritores brasileiros; e em segundo lugar porque em sua trama retrata o debate científico e intelectual vigente nas primeiras décadas do século XX.
Um pouco do livro:
Basicamente a história gira em torno de três personagens: Ayrton, o medíocre funcionário de um escritório; Benson, o sábio que cria o Porviroscópio, uma máquina capaz de mostrar os acontecimentos futuros; e Miss Jane, a bela e inteligente filha de Benson.
Depois de sofrer um acidente, Ayrton passa a conviver com o professor Benson e sua filha, pela qual se apaixona. O sábio mostra a Ayrton sua invenção: uma máquina capaz de mostrar o estado da humanidade em tempos futuros. Ao falar do futuro, Monteiro Lobato dá vazão a toda a sua criatividade e, por que não dizer, preconceito. Imagina um futuro onde os jornais não serão mais lidos no seu formato tradicional, em papel, mas em monitores luminosos existentes em cada casa (sim, a Internet está aí!); onde a roda virará peça de museu e onde a eugenia estará presente no cotidiano das sociedades, moldando pessoas saudáveis e ordeiras. Ao falar da sociedade estadunidense, Lobato, através da personagem Miss Jane, falará de uma eleição para a presidência dos Estados Unidos em que os candidatos serão um conservador branco, uma mulher com ideais feministas e um negro (isto lembra alguma coisa?).
Em “O Presidente Negro” esta eleição acontece no ano de 2228, em nosso mundo real as atuais prévias eleitorais nos Estados Unidos têm como candidatos um conservador branco (John McCain), um negro (Barack Obama), e uma mulher (Hillary Clinton); cenário bastante próximo àquele pintado por Lobato no romance que publicou em 1926.
Por todo este curioso exercício de futurologia, e por apresentar-se como revelador do pensamento intelectual, político e científico da época em que foi escrito, vale a pena ler “O Presidente Negro”.
Opinião
No mundo tão evoluído como o apresentado pelo escritor, é justamente a questão racial que deveria ficar para trás. O contrário também é válido: Lobato pode ter querido dizer que o ser humano é tão tacanho, que apesar da passagem dos séculos e do avanço cultural e tecnológico, fica entretido com questões sobre qual raça ou sexo é melhor, qual deve prevalecer, qual deve ter quotas reservadas em universidade etc. E tais extremos serão alcançados se agora não for dado um basta nessas trivialidades. Afinal, como ele explicou no começo do romance, o futuro nada mais é do que a combinação de fatos presentes. Ricardo de Mattos
2) O Presidente Negro assusta pelo caráter premonitório da obra. Em 1926, Lobato prevê a invenção de um tipo de radiotransmissão de dados que possibilitaria o ser humano a cumprir suas tarefas da própria casa e sem a necessidade de se deslocar para o trabalho. Fala também do desaparecimento do jornal impresso porque as notícias serão “radiadas” diretamente para a casa dos indivíduos e aparecerão em caracteres luminosos numa tela - exatamente como acontece com quem está lendo esse texto. Em uma palavra atual: internet. Mas as premonições não param por aí.
Às vésperas de viajar para os Estados Unidos como adido comercial da embaixada brasileira, Monteiro Lobato preconiza a eleição de um presidente negro nos EUA. O momento político (no ano de 2228) que possibilitaria isso viria da divisão da raça branca, entre um candidato do Partido Masculino (Kerlog) e uma candidata do Partido Feminino (Evelyn Astor). A neofeminista Evelyn Astor está com a vitória praticamente garantida e eis que surge o líder negro Jim Roy, que acaba eleito presidente.
Uma assustadora semelhança entre o que aconteceu nas eleições ianques. Será Barack Obama o Jim Roy de Lobato?
De qualquer forma, é um livro de leitura atualíssima. Recomendo muitíssimo.
Autor: Marco Bahé
De qualquer forma, é um livro de leitura atualíssima. Recomendo muitíssimo.
Autor: Marco Bahé
Paraty é aqui... Agend@ !
Sexta-feira, 03 de julho: O escritor carioca Carlos Heitor Cony (passou para o Agend@ uma desilusão pela vida, mostrando que já fez o que tinha que fazer e agora espera somente a hora de morrer) , o Mediador: Amaury Barbosa e a escritora Anna Lee
O Túnel do Tempo nas calçadas, ruas e casarões de Paraty!
A história sendo contada através das suas ruas e casarões preservados.
A data da fundação de Paraty é discutida por vários historiadores. No entanto, pode-se afirmar que no início do século XVIII quando ali chegaram os portugueses, à procura de local apropriado para a instalação de um porto, já encontraram um pequeno vilarejo no Morro da Vila Velha (hoje Morro do Forte)
Com a descoberta do ouro nas Minas Gerais, tornou-se indispensável a construção de um porto afim de transportar essa riqueza para Portugal. Encontrado o lugar ideal, ao fundo da Baia de Ilha Grande, o porto protegido de piratas foi instalado.Para alcançar a região, seguiram por uma trilha de índios Guaianases que vinham pescar e fazer farinha de peixe no litoral. Vencida a Serra do Mar e desbravada a Mantiqueira, foi estabelecida a comunicação entre o porto e a região do ouro. Essa estrada ficou conhecida como "caminho do ouro da Piedade".
Paraty ganhou importância no século XIX porque servia de porto que levava o ouro de Minas Gerais para Portugal. Durante esta época de riqueza, vários sobrados começaram a ser construídos e Paraty se tornara o segundo porto mais importante do Brasil.Quando o ciclo do ouro terminou, Paraty passou a se dedicar à produção de cachaça. A melhor pinga do Brasil foi produzida aqui. E o nome da cidade acabou virando sinônimo da bebida.Após a abolição da escravatura, em 1888, Paraty foi esquecida. A população foi reduzida a menos de um vigésimo da original. Dos 16.000 habitantes restaram apenas 600.Em 1954 foi aberta uma estrada que ligava
Paraty ao interior, pelo Vale do Paraíba. Mas só na década de 70 a cidade se recuperou. A rodovia Rio-Santos ligou Paraty aos dois maiores centros do país. E, desde então, a cidade viu surgir um ciclo de turismo.
Convite Imperdível:
S@rau Literário Piracicabano: tem a honra de convidá-los para a homenagem à Monteiro Lobato ; o escritor que embala gerações de leitores em todo o Brasil. A poeta Cecília Meireles; considerada uma das mais importantes representantes da literatura modernista. E Rafael Wuolfgang Mattenhauer; suas obras abordam temas variados como natureza morta, paisagens, abstracionismos e pintura sacra que é o seu forte.
No Teatro Municipal “Dr. Losso Netto na sala 2 na Rua Gomes Carneiro, 136 - Piracicaba-SP
Horário: 19h30 às 21h30
Ingresso: Gratuito (limite 100 lugares)
Classificação: Livre
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