A mesa "As margens de Mário", inaugurou a Festa Literária de Paraty, Nela estavam a ensaísta argentina Beatriz Sarlo, a crítica e professora da USP Eliane Robert de Moraes (organizadora da "Antologia poética brasileira") e Eduardo Jardim (autor de "Eu sou trezentos", biografia de Mário de Andrade).
Mario de tantas realidades! Eduardo Jardim, autor da primeira biografia sobre Mário, “Eu sou trezentos” falou sobre a diversidade do pensamento do homenageado da 13ª Flip, e, de como, ele transitava entre todos os gêneros literários. Contou que a sua grande preocupação era o impacto de seu trabalho na cultura de seu tempo.
— O próprio Mário não imaginaria tanta gente junta para homenageá-lo. Em carta para Bandeira, disse que ficaria contente se suas iniciativas fossem eficazes naquele momento._ fala Eduardo, sobre uma carta em que Mário escreve: “não estou preocupado se vou ser conhecido em 1985”.
Mário de Andrade é marcado por Eduardo como um dos grandes intelectuais brasileiro, (músico, pesquisador, agitador cultural), seu trabalho foi grande entre os anos 1917 e 1937, período em que liderou o modernismo brasileiro, e o ápice foi a Semana de 22.
Beatriz Sarlo mostra na sua fala a distância cultural da Argentina e do Brasil lá pelos idos de 1920, comparou Mário de Andrade em São Paulo a escritores que faziam historia em Buenos Aires, como Jorge Luis Borges.
“As diferenças entre eles é marcante, pois Mário vai em busca de pesquisar a música popular, e, que um escritor portenho da década de 20, jamais faria isso! Como as viagens, que Mario fez à Amazônia, que finalizam no caráter carnavalesco de sua obra, que continua uma profunda celebração da festa, do ritual”.
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh! Pirineus! ôh caiçaras!
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro!
Abraço no meu leito as milhores palavras,
E os suspiros que dou são violinos alheios;
Eu piso a terra como quem descobre a furto
Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos!
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
Mas um dia afinal eu toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.
De repente, sem estar inserido no programa da FLIP o ator Pascoal da Conceição, que interpretou Mário de Andrade, interrompeu a fala de Eduardo Jardim. Pascoal anda pela platéia declamando os versos, acima citados, segurando um buquê de margaridas brancas, vestido com um terno branco de linho como: Mário de Andrade. No palco, ele declarou muito feliz "pela descoberta do que realmente significa o Mário de Andrade".
"Achei interessante que a platéia e os participantes da mesa ficaram estupefatos!" Eduardo Jardim encerrou a sua fala! O curador da Flip, Paulo Werneck, disse que, toda a encenação foi "uma surpresa" que "fugas do script" são bem-vindas - às vezes, ressaltou, e encerrou o debate. ## Ana Marly de Oliveira Jacobino
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