terça-feira, 4 de agosto de 2015

Abertura da Flip 2015 revive Mario de Andrade na sua totalidade _ Parte 2_


A mesa "As margens de Mário", inaugurou a Festa Literária de Paraty, Nela estavam a ensaísta argentina Beatriz Sarlo, a crítica e professora da USP Eliane Robert de Moraes (organizadora da "Antologia poética brasileira") e Eduardo Jardim (autor de "Eu sou trezentos", biografia de Mário de Andrade).
Mario de tantas realidades! Eduardo Jardim, autor da primeira biografia sobre Mário, “Eu sou trezentos” falou sobre a diversidade do pensamento do homenageado da 13ª Flip, e, de como, ele transitava entre todos os gêneros literários. Contou que a sua grande preocupação era o impacto de seu trabalho na cultura de seu tempo.
— O próprio Mário não imaginaria tanta gente junta para homenageá-lo. Em carta para Bandeira, disse que ficaria contente se suas iniciativas fossem eficazes naquele momento._ fala Eduardo, sobre uma carta em que Mário escreve: “não estou preocupado se vou ser conhecido em 1985”.
Mário de Andrade é marcado por Eduardo como um dos grandes intelectuais brasileiro, (músico, pesquisador, agitador cultural), seu trabalho foi grande entre os anos 1917 e 1937, período em que liderou o modernismo brasileiro, e o ápice foi a Semana de 22.
Beatriz Sarlo mostra na sua fala a distância cultural da Argentina e do Brasil lá pelos idos de 1920, comparou Mário de Andrade em São Paulo a escritores que faziam historia em Buenos Aires, como Jorge Luis Borges.
“As diferenças entre eles é marcante, pois Mário vai em busca de pesquisar a música popular, e, que um escritor portenho da década de 20, jamais faria isso! Como as viagens, que Mario fez à Amazônia, que finalizam no caráter carnavalesco de sua obra, que continua uma profunda celebração da festa, do ritual”.

Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh! Pirineus! ôh caiçaras!
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro!
Abraço no meu leito as milhores palavras,
E os suspiros que dou são violinos alheios;
Eu piso a terra como quem descobre a furto
Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos!
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
Mas um dia afinal eu toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.
De repente, sem estar inserido no programa da FLIP o ator Pascoal da Conceição, que interpretou Mário de Andrade, interrompeu a fala de Eduardo Jardim. Pascoal anda pela platéia declamando os versos, acima citados, segurando um buquê de margaridas brancas, vestido com um terno branco de linho como: Mário de Andrade. No palco, ele declarou muito feliz "pela descoberta do que realmente significa o Mário de Andrade".
"Achei interessante que a platéia e os participantes da mesa ficaram estupefatos!" Eduardo Jardim encerrou a sua fala! O curador da Flip, Paulo Werneck, disse que, toda a encenação foi "uma surpresa" que "fugas do script" são bem-vindas - às vezes, ressaltou, e encerrou o debate.  ## Ana Marly de Oliveira Jacobino

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