sábado, 6 de setembro de 2014

No subjetivo moram fortes tentações...

No barulho trovejante do mundo vou encobrindo o ronco do inconsciente na sombra murmurante de uma árvore. Bom Sábado nesta Semana da Pátria! Ana Marly De Oliveira Jacobino
## Publicação feita no Caderno do Sarau Literário Piracicabano de 19 de Agosto de 2014_ Parte 3
 
Tortura de amor _ Ondina Bueno Toricelli Toricelli
Encontrei-me com ele sob o luar
E o beijo que esperei não aconteceu
Não sentiu o desejo na carne ardendo
Não sentiu o fogo queimando como eu.

A liberdade dos pensamentos eclode
Voam como andorinhas sem fronteira
Meus ouvidos desejando ardentemente
Ouvir chilreios de amor e outras besteiras.

Eu mergulhei nos seus olhos de cristal frio
Buscando bálsamo pra esta tortura sem paz
Estancando o choro junto ao seu peito emudeci
Tremula, envergonhada por esse amor fugaz

Foge assustado de meus anseios desvairados
Não sabe que insone, noites inteiras sofri
Oh! Desejei tanto sacudir da minha alma
O amor que por ele a vida inteira vivi.

Que faço desta dor que me rala o peito
E deste coração sangrento, despedaçado
Não se compadeça com esta dor que é minha
E nem se comova por este pranto derramado.

Meus olhos úmidos seguirão os seus passos
Minha voz entoará versos de amor arrancados.
Deixarei este pranto dolorido voar com o vento
gemendo num lamento feroz de amor insaciado.

 
O NOIVADO _ Juraci Toricelli
Aquele olhar na noite mansa e serena
testemunhado pelas estrelas a brilhar
Rompe a imensa escuridão reinante
alçando vôo como as gaivotas no mar.

No idílio onde a esperança caminha
como o jasmineiro perfumado a florir
São afetos, ardores, paixões
sonhos acalentados num futuro porvir

Olhares se enredam, numa cumplicidade de amor
na trajetória do prelúdio de uma aurora venturosa
A febre dessa agonia dilacerante cede
ao frescor da brisa que desponta silenciosa.

Luzes, calor, orquestra, flores - rompem
num murmúrio de assombro e ilusões
Duas almas, um só destino
Duas flores juntas - unindo dois corações.

E foi CASTRO ALVES, que disse:
São duas flores unidas, são duas rosas nascidas
Talvez no mesmo arrebol, vivendo no mesmo galho
Da mesma gota de orvalho, do mesmo raio de sol.
 

Foto: Detesto ternos (ficção) _ Camilo Irineu Quartarollo
Sou um simples alfaiate e perdi muitos clientes. Faço por encomenda. Sou conhecido na região, quando morre alguém vai com meu paletó. Cirzo roupas e a dor da perda, e, por fim, somente fica a aparência do vivente sem se saber das agulhadas e das linhas inquietas de nervos cotidianos, tecendo a trama sutil e escondida no avesso. 
Alfaiate, é! Disseram que meu mundinho é pequeno. Ridículo. Meus dias são como cinza de moldes e dos fundos da alfaiataria. Também não nego que prefiro tons em cinza ao colorido, que pendo à contemplação mais que ao entusiasmo. Contento-me com pouco, não busco mais, rejeito a luta antes da batalha. Que me enclausuro num tronco oco, que sou. Que me procuram a alma entre os cabides e não veem. Que nunca usei terno, nem uma gravata! Que faço roupas a outrem e deixo as puídas de sempre ao meu uso. Que visto celebridades, porém vivo no ostracismo.
Sou bem modesto, faço silêncio pela minha pouca sapiência, não busco reconhecimento onde não tenho e não desdenho do que me parece estranho. Não tenho grandes pretensões, não ambiciono, e nada me satisfaz mais que um bom sono – sem linhas nem tesouras, sem cortes; porque sei que o mundo é bem maior que o meu que está em algumas mentes imaginosas que me viram, que se vestem de minhas roupas, mas nem eu sei o que minha alma me preparou para o deslinde do eu mesmo. Amo outros viventes - respeito, porque sei que também, debaixo de suas aparências de grife, de seus sapatos de boutique e lãs, o inverno lhes pega, a vida lhes segura e o impulso não os sustenta sem roupas boas. O viver é relativo até aos mais abastados. 
Aos mendigos sem rosto dão o que lhes pertence, a função de mendigar é franciscana, mas nem todos são mendigos ou alfaiates! Mendigos, mas bem vestidos e asseados – é precisamente o glamour da filantropia, vulgarmente conhecida por caridade. Já em molambos o pobre de Assis sabe que a vida é mendigar cada gota de luz que cai da boca de Deus.
Bem, aqui encerro estas curtas e ridículas letras retiradas do bolso de um cliente. O terno dele está quase pronto, para seu uso ou a quem a família der. Detesto ternos!
# Publicação feita no Caderno do Sarau Literário Piracicabano de 19 de Agosto de 2014 
Detesto ternos (ficção) _ Camilo Irineu Quartarollo
Sou um simples alfaiate e perdi muitos clientes. Faço por encomenda. Sou conhecido na região, quando morre alguém vai com meu paletó. Cirzo roupas e a dor da perda, e, por fim, somente fica a aparência do vivente sem se saber das agulhadas e das linhas inquietas de nervos cotidianos, tecendo a trama sutil e escondida no avesso.
Alfaiate, é! Disseram que meu mundinho é pequeno. Ridículo. Meus dias são como cinza de moldes e dos fundos da alfaiataria. Também não nego que prefiro tons em cinza ao colorido, que pendo à contemplação mais que ao entusiasmo. Contento-me com pouco, não busco mais, rejeito a luta antes da batalha. Que me enclausuro num tronco oco, que sou. Que me procuram a alma entre os cabides e não veem. Que nunca usei terno, nem uma gravata! Que faço roupas a outrem e deixo as puídas de sempre ao meu uso. Que visto celebridades, porém vivo no ostracismo.
Sou bem modesto, faço silêncio pela minha pouca sapiência, não busco reconhecimento onde não tenho e não desdenho do que me parece estranho. Não tenho grandes pretensões, não ambiciono, e nada me satisfaz mais que um bom sono – sem linhas nem tesouras, sem cortes; porque sei que o mundo é bem maior que o meu que está em algumas mentes imaginosas que me viram, que se vestem de minhas roupas, mas nem eu sei o que minha alma me preparou para o deslinde do eu mesmo. Amo outros viventes - respeito, porque sei que também, debaixo de suas aparências de grife, de seus sapatos de boutique e lãs, o inverno lhes pega, a vida lhes segura e o impulso não os sustenta sem roupas boas. O viver é relativo até aos mais abastados.
Aos mendigos sem rosto dão o que lhes pertence, a função de mendigar é franciscana, mas nem todos são mendigos ou alfaiates! Mendigos, mas bem vestidos e asseados – é precisamente o glamour da filantropia, vulgarmente conhecida por caridade. Já em molambos o pobre de Assis sabe que a vida é mendigar cada gota de luz que cai da boca de Deus.
Bem, aqui encerro estas curtas e ridículas letras retiradas do bolso de um cliente. O terno dele está quase pronto, para seu uso ou a quem a família der. Detesto ternos!
 

 
 Minha Rua _ Leda Coletti
Minha rua é tão bonita!...
Do alto do prédio, aprecio-a:
carros, motos, parecem
brinquedos eletrônicos sincronizados.
Nela os pedestres apressados
São como soldadinhos de chumbo
acertando passos
( 1,2,... esquerdo, direito ).

Meio dia de sexta feira::
tem música no coreto da praça,
ritmado pagode com cantoria.
As pombas ora se misturam aos pedestres,
ora pousam nos mausoléus e árvores.
tendo por companhia milhares de pardais.
(que linda é a revoada à tardinha!)

Minha rua é tão bonita!...
Dos prédios altos os moradores,
apreciam das sacadas
as belas tardes com pôr de sol
lá pras bandas da ponte do Morato,
onde o rio Piracicaba se esgueira.
(é hora de encantamento na Noiva da Colina)

O Colégio Piracicabano
com tijolo vermelho à vista
tem destaque nesta rua central.
Também o Assunção mais acima,
junto com o Lar Escola
difundem formação integral.
(para jovens e crianças)

Desde a infância eu a quero muito.
Lembro-me do bonde fazendo dlim...dlim,
zigue-zagueando nos paralelepípedos,
subindo, subindo até chegar à Estação da Paulista,
fim de rua, chegada , partida dos trens,
sorrisos, lágrimas nas despedidas
(cenário dos pracinhas da Revolução Constitucionalista) t

Hoje no lugar dos trilhos do trem
Há um parque de lazer
Abrigando cultura, música
Onde jovens, idosos com prazer
Dançam, pintam, cantam
A alegria de viver.
( o povo sabe o que lhe faz bem)

Desde a quadra inicial, perto da Catedral,
ela é velada por Santo Antonio,
protetor dos namorados
em treze de junho comemorado
com trezena, procissão,bolo, muita festa,.
pão bento, quermesse e bucólica seresta.
(e o tempo antigo é lembrado)

Quando é dia, o sol a bronzeia,
Se é noite, a lua cheia
rodeada de estrelas meninas,
a faz rainha, e a namora em silêncio.
Gosto de dizer que ela é minha,
mas bem sei que é de todos.
(sinto-me feliz em poder partilhar esta dádiva).

Embora se chame Rua Boa Morte,
ela só transmite vida e muita sorte,
pois é abençoada pelo sacro manto
de Nossa Senhora da Boa Morte.
Minha rua é tão bonita!...

 

2 comentários:

  1. Poesias, apresentação e imagens maravilhosas! Um convite lindo à leitura! Valeu! bjs, lindo fds! chica

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  2. Obrigada Chica pelos elogios, sempre é um balsamo para a alma. CaipiracicabANA

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