quinta-feira, 17 de julho de 2014

Sarau Literário Piracicabano partilha as raízes da nossa cultura nas artes...


            Sarau Literário Piracicabano - em 15 de Julho  de 2014
Tema: “No fluxo desta Linguagem Viva da nossa bela Flor do Lácio, Adriano Nogueira partilhou conhecimento, invadindo a vida de Rosani Abou Adal, com tantas belezas poéticas.”                 Coordenação: Ana Marly de Oliveira Jacobino

 #Trabalhos publicados no Caderno do Sarau Literário Piracicabano de 15 de Julho de 2014

POLYANA _ Luzia Stocco
   Poly
          Ana
                    Polyana
Lembro-me de ti bebê
Mãozinhas e pés fofinhos
Robson e Cruzoé
Eram os nomes de teus pés!
Teu sorriso manso
Envergonhado e franco
Os olhos vívidos, jabuticaba
Que saudade de ti!
Já fui tua morada
Quando pequenina
Em meu útero espreguiçava
Davas chutes e cotoveladas
Teus movimentos, aqui de fora,
Mamãe e papai acompanhavam!
Engatinhavas
Brincavas no chão
Falavas com os objetos
E criativa, já improvisavas!
Pele morena
Covinhas aqui e acolá
Pequenina boca que me beijava
Biquinho fazias e à família encantavas
No colinho da vovó
Um abraço nas tias
Teu rosto, um quadro
Uma pintura
Eras obra de arte pura!
Hoje caminhas
Corres, estudas
Trabalhas
Passeias só
Moras com as amigas
Na república
Um cantinho aconchegante
Com tua gata Lalá!
Tão longe aí em Floripa
Saudades, eu aqui em Pira! 
 
A VIDA É UM TRAPÉZIO_ Ana Lúcia Paterniani
... e nós somos trapezistas que nunca sabemos
se vamos chegar ao outro lado
se a mão que nos espera vai nos segurar
com firmeza
## a única certeza que temos
é o destino final
igual para todos
( uns mais cedo, outros mais tarde ):
deitados na horizontal
dormindo em cima
dessa linda bola azul
## a gente põe um pouco de poesia na vida
para ela não ficar tão ordinária
mas ordinária ela é.
 
Chico de todas as mulheres_ Ana Marly De Oliveira Jacobino
Você tocou a minha mão
Roçou meus lábios...
Eu, ainda menina-mulher
Declarei amor a sua poesia...
Você entrou pela porta entreaberta
Escondeu-se no meu porão
Iluminou os cantos
Enfeitiçou-me com suas palavras
Marcou minha pele virgem
Grudado numa tatuagem
Dando-me força e coragem
Feito meu mandarim...
      Sou sua Rita, quero voltar...
      E, grudar no seu peito.
      Outra vez!
Acorda amor...
Eu tive um pesadelo, agora...
Amarrada embaixo duma escada
Sozinha num porão...
Aflição!
Acorda amor...
     Sou a Ana vinda de longe
     Trazendo no corpo
     Desassossego...
     Mas, não sou de Amsterdam
Sou a Ana sem voz, sem vez
Sou a Ana do Brasil!
Sou a mulher do seu estribilho
Embalando o filho perdido
De todas as mães...
Chorosas Angélicas...
Sou Bárbara.
     Vem, vem, vem...
     Meu amor, vem me buscar
     Na verdade sou Ana,
     Ana de todos os nomes...
Ana da sua pintura,
Apenas uma atriz
Louca, chorando sua falta
Tentando ser feliz,
Agora, sou a Ana
E, a sua Beatriz...
 
 Burrinho de leite Camilo Irineu Quartarollo
Perdia-se a olhar pela janela a ruinha, justa, de britas, em paralelepípedos, escorregadia nas chuvas e difícil de pronunciar. Os burrinhos de leite subiam no bater de cascos despertando o Sol, encurvando o tempo numa sombra de ilusão e vestígio das casas antigas, nas curvas que escondia a entrega da garrafa. O leite chegara ao acordar da família e só um velho do outro lado da vila vê o leiteiro. O velho ficou à janela até à tarde, mas o burrinho não fez o mesmo caminho. Não voltou por essa ruela, fez um caminho de Magos, por outra via.
Noutro dia o burrinho vem. Olha da janela o fundo da ruinha sob o luar azul, fimbrias rebrilham o tosco calçamento de pedra, ruas pobres, do leite que vem, das chaminés em atividade, assim vai acordando deslumbrante o Universo.
O leite branco e gorduroso em litro de vidro, o recado de um bilhete, da úbere casta, de um mugido surdo, vem a mãe apanhar a conta do mês, com depósito futuro na janela do leite madrugador, espumante de uma leiteira torta, nas rebarbas brancas de tombos antigos a vasilha de nobre alumínio.
O velho não sabia, mas abaixo da viela corta um riacho imaginário que o burrinho de leite não pode abaixar-se a beber, e Deus colocou uma nascente que jorra à altura do seu bocal; ainda assim o leiteiro não para. O animal de cima só pode ver o curso sinuoso desse riacho e engolir a secura e com os olhos sorver momentos como poesia, como o poeta, mas meu Deus, quê sede!
                            Fotos do Sarau Literário Piracicabano de 15 de Julho 
 
Rosani Abou Adal
Foto: #sarauliterariopiracicabano dale dança do ventre. 
Josiany Longatto em belíssima apresentação no Sarau Literário Piracicabano na noite de 15 de Julho...
 

2 comentários:

  1. Ana,quantas belas poesias! Esse sarau deve ter sido maravilhoso! Obrigada pela partilha! bjs,

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  2. Que alegria receber a sua visita Anne Lieri aqui no Agenda...de fato cada edição de um Sarau nos surpreende pela beleza e surpresas... CapiracicabANA Marly de Oliveira Jacobino

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