terça-feira, 16 de outubro de 2012

Manoel de Barros, o poeta que inventou a ecologia...

Palavras que debruçam nas miudezas e nas grandezas que enfeitam a natureza... escrever sobre os quatro elementos é invenção corriqueira do poeta... Homem da terra que sabe olhar com olhos de mágico; o que está ao seu redor. Salve Manoel de Barros, neste seu aniversário... Criar palavras é criar algo grandioso... é fazer o Big Bang no papel! Para vocè Manoel de Barros desta sua leitora CaipiracicabANA Marly de Oliveira Jacobino
'Eu queria usar palavras de ave para escrever', diz um verso do poeta Manoel de Barros - Jonne Roriz/AE
Jonne Roriz/AE
'Eu queria usar palavras de ave para escrever', diz um verso do poeta Manoel de Barros
rezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade

das tartarugas
mais que a dos mísseis.

Tenho em mim
esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância
de ser feliz por isso.
Meu quintal
É maior do que o mundo.

Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá (MT) no Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá, em 19 de dezembro de 1916, filho de João Venceslau Barros, capataz com influência naquela região. Mudou-se para Corumbá (MS), onde se fixou de tal forma que chegou a ser considerado corumbaense. Atualmente mora em Campo Grande (MS). É advogado, fazendeiro e poeta.
A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas,


que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai

Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.

Até os 8 anos, morou numa fazenda perto de Corumbá, em cujo chão brincou com as criaturas que tanto aparecem em sua poesia: sapos, formigas, lesmas, passarinhos, borboletas. Quando adulto, nos anos 50, morou ali por mais dez anos sem escrever um verso sequer - até que pudesse "financiar o ócio", ou seja, ter dinheiro para se mudar e sobreviver como poeta. Nos outros 65 anos de vida, só morou em cidades: Rio, que diz até hoje adorar, e Campo Grande, que preferiu a Cuiabá pelo clima menos impiedoso. O poeta pantaneiro, quem diria, gosta de asfalto.
Quando entra no pequeno escritório no andar de cima da casa, graceja: "Aqui é meu lugar de fazer o inútil." Eis seus livros, de assuntos como linguística, cinema e, claro, poesia - como a antologia de haicai que lê no momento -, e uma escrivaninha de madeira, diante de uma gravura de seu amigo Siron Franco que lembra as pinturas de seu admirado Paul Klee. Das gavetinhas à sua frente, ele tira algumas pilhas de cadernetas, blocos de papel cujas capas ele mesmo faz com recortes de fotos e quadros. "Tenho uns 200 cadernos aqui", conta. "Acho que não aproveitei nem 2% destes textos." A letra de Manoel de Barros é como sua figura e sua poesia: miúda, delicada, brejeira.
Clique e curta Manoel de Barros - Só Dez Por Cento é Mentira - Manoel de Barros e a fama_ http://www.youtube.com/watch?v=_SuDkhH2Wdc&feature=related
 
O grande acontecimento da sua vida, porém, se chamou João Guimarães Rosa. Manoel não lembra qual foi o ano em que o leu pela primeira vez, mas lembra bem o título - Sagarana (1946) - e a sensação deixada: "Eu fiquei roseado." Manoel já era maduro e tinha alguns livros publicados, nos quais vê "o desejo de desconstruir a linguagem", mas Rosa foi o pulo do sapo. Conta com discreto orgulho uma vez que se encontrou com o mestre, em 1960, por meio do diplomata Mario Calabria. Deu a ele o Compêndio para Uso dos Pássaros, então recém-publicado, e Rosa o leu imediata e calmamente, à frente dos dois amigos. Terminou, sorriu e resumiu: "Manoel, é um doce." Antes, a bordo de um navio a caminho de Corumbá, tinha trocado apenas umas poucas palavras com Rosa, cercado de um séquito de amigos e brandindo um leque de buriti boliviano. O assunto da breve conversa? Passarinhos, claro.
                                    Convites: 
 google e youtube
http://www.estadao.com.br

3 comentários:

  1. Que bom ver Manoel Barros aqui, Gosto muito dele, sempre maravilhoso! beijos,tudo de bom,chica

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  2. Verdade Chica Manoel de Barros merece toda a nossa consideração...ele escreve com soberania. CaipiraciabANA

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  3. O poeta Manoel de Barros é um dos mais interessantes que já li. Para jamais ser esquecido...

    bj

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