diga você;se isto de fato não acontece quando se ama de verdade.
A paixão e a mãe (miniconto)
Ana Marly de Oliveira Jacobino
O escarro do soldado escorre por sua face. Ela ali aos seus pés chora compulsivamente. O seu menino estremece de dor. Ainda ontem, ela o procurava entre os amigos. “Onde está o menino? Onde está meu filho?” No templo sentado entre os doutores da lei, o menino os surpreendia com a sua inteligência. A mãe orgulhosa o retira pelas mãos. Uma gota de sangue cai do seu pulso chagado, ela a ampara com as mãos. Como mãe, você, Maria, o acarinhou, beijou, ninou, lavou suas roupas,... O que fazem com o seu menino? Nas bodas de Canã, o canto, a dança toma conta de todos os convidados. Você, Jesus está alegre, dança com um copo de vinho na mão. A mãe, na cozinha ajuda na preparação dos alimentos. Esta preocupada, o vinho está no fim e a festa ainda está na metade. “Filho, o vinho está acabando!” “Mãe, não chegou a minha hora.” “Façam tudo que ele mandar.”. A água fica com gosto de vinho. A festa continua pela madrugada. As cãibras percorrem seus músculos. A dor intensa do filho sufoca o peito da mãe. O crucificado respira fundo e grita seu último clamor. "Padre, nelle tue mani consegno il mio spirito!" Um soldado atravessa uma lança entre o quinto espaço das costelas, enfiando para cima em direção ao pericárdio, até o coração. “Meu filho! Meu filho como posso ficar sem você. Quero carregá-lo em meus braços. Meu filho! Não está mais respirando? Meu filho, vocês o mataram! Assassinos!” Maria della Pietà, la Madre Addolorata, Madre di Cristo!” “Maria, Pietá, Mãe das Dores, Mãe do Cristo!”
*** Este miniconto é uma resposta poética a poesia: Ave Maria de Richard Mathenhauer, que vem logo a seguir
(http://recantodasletras.uol.com.br/contos/2173976)
Madonas de pintores renascentistas
Ave Maria
Richard Mathenhauer (http://wwwurbietorbi.blogspot.com/)
Madona com o Menino, ícone da Rússia
Mas, nessa data significativa para todos, independente de religião, serve para refletirmos e renovarmos as esperanças de um mundo mais fraterno, humano e com menos desigualdades sociais.
Que as autoridades invistam na educação, e que possamos ver mais crianças nas escolas e menos nas ruas, pois depende delas o futuro da nação.
Que a miséria, a violência e a corrupção não sejam as únicas manchetes dos jornais, um sonho? Talvez, mas a Páscoa é renovação, vale a pena ter esperança e dizer que este País ainda tem jeito.
Às vezes nos perguntamos; porque aquela pessoa que fez tanta maldade, causou tanto mal, nada sofreu? Podemos pensar que nada lhe aconteceu, mas com certeza ela sofrerá as consequências dos seus atos, será julgada pela justiça divina e dos homens.
Independente de religião a oração é muito importante na nossa vida e se alguém lhe fere com palavras e atitudes, não guarde mágoas ou ressentimentos, ore por ela e sentirá a paz invadir seu coração. É fácil? Não, não é nada fácil, mas vale a pena tentar.
Uma Páscoa com muita paz e alegria para todos!
Um abraço.
Lá estava ela, a planta, ao redor da casa, mostrando pequenas flores vermelhas, tão insignificantes e muitos espinhos pontiagudos.Ao ser cortada, jorrava uma seiva leitosa e pegajosa, que todos diziam ser veneno.- “ Não deixe cair nos olhos que cega, e nem nas mãos, que queima!”, dizia minha mãe em suas recomendações maternas.-“Cuidado! É cheia de espinhos, pode machucá-lo” dizia ela do terraço. “Essa planta não serve para nada, só para machucar. Nem sei porque a usam nos beirais das casas.E eu, o menino de dez anos, deitado de costas no monte de areia, olhando para o céu azul, via as nuvens algodonosas a se moverem e a se juntarem umas às outras.Os pensamentos voavam imaginando se era o vento que movia as mesmas ou se era a terra que rodava, e elas eram fixas no céu, assim como a lua e o sol parecem se mover.Como menino curioso, sempre pensando e tentando encontrar explicações lógicas para tudo, imaginava porque aquela espinheira existia e qual o seu lugar na criação divina.Hoje, adulto, deitado na areia da praia, sob o sol causticante da tarde, de olhos fechados e sonolento, sinto uma gota quente a cair na testa. Imagino uma gota de sangue morno me atingindo, o que me leva à imagem do Salvador na cruz, e a gota pingando na sua fronte pelo espinho encravado da coroa-de-Cristo. Estava ali a resposta, tão fácil!Se não fosse tal espinho, talvez não tivéssemos a salvação. Abro os olhos, passo a mão na testa e amasso um excremento quente com o qual algum pássaro me atingiu.Pulo enojado, limpo a mão na areia, e quando vou xingar, lembro-me que, se não fosse tal excremento, nunca teria descoberto quão importante foi aquele espinho.Na missa do domingo, ao fitar a face do Cristo no altar, tive a impressão que Ele piscou para mim.
Ana Marly,
ResponderExcluirQue o perdão, o amor e a esperança façam morada no seu coração. Uma Páscoa muito feliz a você e familiares. Um abraço!
Lindas,reflexivas e profundas poesias por aqui!um beijo e uma abençoada e alegre Páscoa!chica
ResponderExcluirOlá Ana Marly, boa tarde.
ResponderExcluirRespondendo sua pergunta e mandando noticias: já estou em Minas, cheguei faz pouco tempo, mas já almocei, entreguei os presentes de Páscoa e aniversário (mãe, irmã e afilhada-prima fazem aniversário esta semana).
Novamente me desculpando, estou distante da net por causa de algumas coisinhas, como o artigo de sábado, uma pequena busca por móveis novos para renovar alguns itens de casa (tenho feito isto logo depois que acordo) e pela overdose de computador no trabalho.
Agradeço pela postagem do miniconto em meu blog. Lindo, muito bom para esta data.
E desejo uma Páscoa iluminada a vc e a sua família toda. Muita Paz!
Olá, Ana.
ResponderExcluirObrigado por publicar neste maravilhoso espaço os versos meus.
Desejo a você e a toda a família da Agenda Cultural Piracicabana Boa Páscoa!
Abraços,
Ana, parabéns por tudo, pela beleza dos textos postados e das ilustrações. Parabéns ao Cassio por este texto são sensível. Este espaço é muito belo e digno! Abraços da Marisa Bueloni
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