Naqueles tempos em que Ipanema era uma quase província, a praia uma
imensa faixa de areia, iluminada à noite por postes americanos, os
prédios baixinhos, o trânsito de poucos carros e toda a gente andava sem
medos, a casa de número 487 na Visconde Pirajá, com suas janelas verdes
e suas portas abertas, era ponto de encontro marcado dos mais diversos
artistas.
Seu proprietário era o escritor Aníbal Machado, seis filhas, 13 livros e
centenas de amigos, um homem de rara humanidade e autor das mais belas e
poéticas páginas da literatura nacional. É lembrado até hoje por sua
capacidade criativa e de agregar e manter à sua volta todos os talentos
possíveis que marcaram e surgiram naquela época. Foi essa Ipanema mágica
que acolhia as famosas “domingueiras do Aníbal”, em que todos eram bem
vindos e discutia-se Freud e Kafka com a mesma energia com que se
dançava foxtrote e boogie woogie.
Foi na mineira Sabará que Aníbal nasceu, dia 9 de dezembro de 1894.
Cidade banhada pelo Rio das Velhas, de águas que acompanharam as
memórias do escritor, e de onde ele se mudou para Belo Horizonte, aos 11
anos. Veio concluir o curso no Rio de Janeiro. Na década de 1930, funda com Apparício Torelly (o barão de Itararé) o periódico O Jornal do Povo, de vida curta. Colabora ainda com revistas e suplementos literários de importantes jornais como O Correio da Manhã e Diário do Povo. Em 1941, é publicada uma de suas palestras, proferida nesse ano, com o título O Cinema e Sua Influência na Vida Moderna. No mesmo ano, é responsável pela organização da divisão de arte moderna do Salão Nacional de Belas Artes (SNBA). Lança, três anos depois, seu primeiro livro de contos, Vila Feliz,
e é eleito presidente da Associação Brasileira de Escritores. Organiza,
em 1945, o 1º Congresso Brasileiro de Escritores, em São Paulo, no qual
diversos autores elaboram a Declaração de Princípios contra a ditadura
de Getúlio Vargas (1882 - 1954). Em seus últimos anos de vida, traduz e
adapta, para O Tablado, grupo teatral amador que ajuda a fundar com sua filha, a dramaturga Maria Clara Machado (1921 - 2001),
textos e peças de importantes escritores, como do tcheco Franz Kafka
(1883 - 1924), do francês George Bernanos (1888 - 1948), e do russo
Anton Tchekhov (1860 - 1904).
Teve seis filhas; entre elas, a escritora e teatróloga Maria Clara Machado, cultuadora e guardiã de sua obra.
Faleceu em 20 de janeiro de 1964 (69 anos) Rio de Janeiro
TEIXEIRA, Marcos Vinícius. Aníbal Machado: um escritor em preparativos. 2012. 313 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo.
Ana Marly, estou fascinada com este Rio de Janeiro de Aníbal Machado. Eu adoro Aníbal Machado, foi um dos escritores mais humano e amigo do seu amigo que eu já li. O seu conto Viagem aos Seios de Duília, foi dos primeiros que li. Adorei este seu texto, maravilhoso.
ResponderExcluirBeijinhos de Luz!
Ana Maria
Querida amiga
ResponderExcluirA vida se alimenta de histórias.
O que conhecemos também amamos.
Talvez a falta de conhecimento
sobre as pessoas e os lugares,
tire da sociedade o seu respeito
pelo lugar onde vive,
e reflita toda forma de desamor
dos dias atuais.
Que ainda haja estrelas em seu coração,
é o que deseja minha vida para a tua.