"Conheci
Décio Pignatari em uma das suas palestras sobre arte, poesia, política e
literatura, então, percebi o motivo dele ser considerado polêmico;
ideias fortes, uma lingua ferina, em uma das palestras disse:"O Brasil
nunca teve escritor de cunho universal!" Nas suas palestras notei
Décio, incrédulo e irônico, sempre! Décio marca presença na história da
literatura brasileira junto com os irmãos Augusto e Haroldo de Campos,
tornou-se um dos principais idealizadores da poesia concreta.""
Ana Marly de Oliveira JacobinoTributo ao imortal Decio Pignatari morto no dia domingo 02 de Dezembro de 2012
Como teórico da comunicação, Pignatari deixou importantes obras, como
a tradução dos textos de Marshall McLuhan. Entre seus escritos,
destaca-se o ensaio Informação, Linguagem e Comunicação, de 1968. Sua
obra poética está reunida em Poesia Pois é Poesia (1977). Pignatari
publicou traduções de Dante, Goethe e Shakespeare, entre outros,
reunidas em Retrato do Amor quando Jovem (1990) e 231 poemas. Publicou
também o volume de contos O Rosto da Memória (1988) e o romance Panteros
(1992), além da obra para o teatro Céu de Lona.
Nos últimos anos, se dedicou à literatura infanto-juvenil – lançou
Bili com Limão Verde na Mão (Cosac Naify), em 2010 – e a transformação
da literatura por conta da evolução tecnológica.
Para
substantivar as asseverações anteriores, o segundo movimento do poema
inicia com a abertura do primeiro, suprimindo o vocábulo cola. O imperativo beba coca reitera,
deste modo, a necessidade de se consumirem e de se assimilarem todos
os componentes culturais que, de forma implícita, a coca representa. A
seqüência babe cola caco, ao proceder a aproximação com babe cola, reitera obrigatoriedade da adesão, pois dela dependerão concessões ao Terceiro Mundo e o futuro das empresas multinacionais. Todavia, a metátese da palavra coca, transformando-a em caco, esclarece a qualidade do produto e do consumidor. Afora aduzir à ordinariedade da cultura importada, caco deixa
entrever a transformação do produto, reduzido a excrementos, cocô, fim
de toda sociedade consumista e subdesenvolvida que perde a identidade
cultural. É sintomático que, a partir desse movimento, coca, cola e caco procedem a um verdadeiro balé, em que fonemas e palavras se vão sucedendo até desembocarem na cloaca,
fusão das palavras, dos corpos e das essências. Evidentemente, não se
trata de uma fusão que se destina à criação de um novo ser, como se
fosse um processo alquímico, mas à redução ao imundo, ao sórdido, ao
imprestável, com sói acontecer ao povo que abdica de suas
peculiaridades culturais.
*CAMPOS, Haroldo de 1975. A arte no horizonte do provável. Sâo Paulo: Perspectiva, 1975. p. 126-127.
Poesia
Concreta_ Ana Marly de Oliveira Jacobino
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