quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Fernando Pessoa um adeus poético...

"Enigmático? Uma pessoa que vibra em montar personagens envolvendo a sua Pessoa. Heterônimos de Pessoa para explicar a genialidade desta pessoa que brincava com as palavras a sério. Em 1915, uma pessoa escreve sobre Pessoa dando a impressão de que falava da própria pessoa: "Quando é que despertaremos para a justa noção de que a política, a religião e vida social são apenas graus inferiores e plebeus da estética - a estética dos que ainda não a podem ter? Só quando uma humanidade livre dos preconceitos de sinceridade e coerência tiver acostumada às suas sensações a viverem independentemente, se poderá conseguir qualquer coisa de beleza, elegância e serenidade na vida." Salve mestrre em pessoa, a quem dedico está pagina um dia depois da sua morte! Ide em paz com a sua pessoa!
                                                 Ana Marly de Oliveira Jacobino

Aniversário_ (Álvaro de Campos) Fernando Pessoa

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa como uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar pela vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim mesmo,
O que fui de coração e parentesco,
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui – ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui…
A que distância!…
(Nem o acho…)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos! (...)

Lisboa Antiga
"É necessário agora que eu diga que espécie de homem sou. Meu nome, não importa, nem qualquer outro pormenor exterior meu próprio. Devo falar de meu caráter. A constituição inteira de meu espírito é de hesitação e de dúvida. Nada é ou pode ser positivo para mim; todas as coisas oscilam em torno de mim, e, com elas, uma incerteza para comigo mesmo. Tudo para mim é incoerência e mudança. Tudo é mistério e tudo está cheio de significado. Todas as coisas são 'desconhecidas', simbólicas do Desconhecido. Em conseqüência, o horror, o mistério, o medo por demais inteligente. Pelas minhas próprias tendências naturais, pelo ambiente que me cercou a infância, pela influência dos estudos realizados sob o impulso delas (dessas mesmas tendências), por tudo isto meu caráter é da espécie interiorizada, concentrada, muda, não auto-suficiente, mas perdida em si mesma. Toda a minha vida tem sido de passividade e de sonho". Fernando Pessoa (1888-1935)
Sua infância e adolescência foram marcadas por fatos que o influenciariam posteriormente. Às cinco horas da manhã de 24 de Julho, seu pai morre com 43 anos vítima de tuberculose. A morte é reportada no Diário de Notícias do dia. Joaquim de Seabra Pessoa deixou mulher, Pessoa com apenas cinco anos e seu irmão Jorge que viria a falecer no outro ano sem chegar a completar um ano. A mãe então se vê obrigada a leiloar parte da mobília e mudam-se para uma casa mais modesta, o terceiro andar do n.º 104 da Rua de São Marçal. É também nesse período que surge seu primeiro pseudónimo, Chevalier de Pas, assim como seu primeiro poema, um poema curto com a infantil epígrafe de À Minha Querida Mamã. Sua mãe casa-se pela segunda vez em 1895 por procuração com o comandante João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban (África do Sul), o qual havia conhecido há um ano. Na África, viria a demonstrar possuir desde cedo habilidades para a literatura.
                                                     Lisboa Antiga
Pessoa é internado no dia 29 de Novembro de 1935, no Hospital de São Luís dos Franceses, vítima de uma crise hepática, se tratando aparentemente de uma cirrose hepática provocado pelo óbvio excesso de álcool ao longo da sua vida (a título de curiosidade acredita-se que era muito fiel à aguardente “Águia Real”). No dia 30 de Novembro morre aos 47 anos. Nos últimos momentos da sua vida pede os óculos e clama pelos seus heterónimos. Sua última frase é escrita no idioma no qual foi educado, o inglês: I know not what tomorrow will bring (”Eu não sei o que o amanhã trará”).
"Tenho o dever de me fechar em casa no meu espírito e trabalhar quanto possa e em tudo quanto possa, para o progresso da civilização e o alargamento da consciência da humanidade."

Não Quero Rosas Desde que Haja Rosas
Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei-de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?
Não quero a noite senão quando a aurora
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora
É isso que quero possuir.
Para quê?... Se o soubesse, não faria
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria...
Ah, com que esmola a aquecerei?...
                                                                  (Fernando Pessoa)
                                                                     Convite:
Sarau Literário Piracicabano vai para Poços de Caldas dia 03 e 04 de Dezembro realizar um sarau a convite de Juraci e Ondina Torricelli.

10 comentários:

  1. OI, Ana Marly,
    percebo que gosta muito de viajar e pousar em outros rinções.
    Nada como ter amigos e ótima companhia para tais empreendiemntos!
    Que sua simpatia brilhe em toda parte e traga as melhores lembranças!
    Dirce Ramos de Lima

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  2. Saudades de seus comentários, Caríssima Dirce. Obrigada por aparecer por aqui. Como? O "Eu Poetico" diz que não sabe poetar Abraços poéticos desta CaipiracicabANA Marly de OLiveira Jacobino

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  3. Oi, Ana Marly
    Que tal abordar a obra de autores que viveram em Pira em suas resenhas como por exemplo Tales de Andrade e Miguel M. Abrahão?

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  4. Pois é, ja publiquei Tales há muito tempo, mas posso fazer de novo. Obrigada

    CaipiracicabANA

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  5. Em que parte do Blog encontro o texto sobre o Tales? E sobre o Miguel? Você já publicou algo?

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  6. Quem é você Caro Leitor para que eu possa mandar o trabalho que fiz no Sarau da Semana Erotides de Campos sobre Thales Castanho de Andrade? O título do texto é: "O primeiro escritor de literatura infantil no Brasil"! Ana

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  7. Meu nome é Sandra e meu e-mail é sandra-herculano@bol.com.br. Fico aguardando o texto sobre o Tales. Mais ainda não me respondeu a 2ª pergunta. Também espero uma resposta. Já vi que você o utilizou como referência bibliográfica.

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  8. Sobre o Miguel vou procurar sobre a sua publicação. Quanto ao Thales entre em minha escrivaninha no Recanto das Letras:

    http://www.recantodasletras.com.br/biografias/1419029

    Ana

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  9. Que ótimo despertar o interesse de novos leitores!
    Tomara que contnue prestigiando pois aqui estão as melhores referencias da literatura local,nacional e mundial!
    Pelo seu trabalho nessa divulgação nosso maior carinho e admiração!

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  10. Obrigada Ana
    Li a sua publicação sobre o Tales e achei muito interessante a pesquisa. Agora aguardo sobre o Miguel
    bjs

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