quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Isidore Ducasse – O Conde de Lautréamont! Conheça-o aqui na Agend@!

Ciclo dos Poetas Malditos 1ª Parte

Abram Lautréamont! E aí está toda a literatura virada pelo avesso como um guarda chuva! Fechem Lautréamont e tudo volta ao seu lugar... (Francis Ponge)
 http://fottus.com/artes/fotos-antigas-de-paris-robert-doisneau/ Ruas da Paris Antiga

Conheça um pouco mais sobre os "Poetas Malditos" clicando no endereço abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=nnW2rOnRF8M

 -Lucien Ducasse, nascido em Montevidéu a 4 de abril de 1846, autor celebrizado pelo pseudônimo, Conde de Lautréamont, um mito literário que ergue-se sozinho sobre os pilares de uma vasta bibliografia que o situa no rol de autores mais controversos, discutidos e estudados na atualidade. Um solitário,  Ducasse era visto, ora ébrio e feliz, entornando taças de bons vinho no cabaré du Ciel et de l’Enfer, no Montmartre, ora triste e decaído, ingerindo substâncias opiáceas num bordel qualquer, de uma ruela qualquer, numa noite qualquer da velha e bela Paris do século 19.
Poucos conhecem em pormenores sua vida trágica, de modo que, qualquer abordagem centrada no seu legado literário, por mais despretensiosa que seja, acabará desembocando nos seus aspectos biográficos e nas explicações que o justifiquem como indivíduo ignorado pela família, pelo Estado e pela sociedade.
É certo que a morte, as guerras e o destino trágico perseguem Isidore-Lucien Ducasse desde a origem, quando, aos 2 (dois) anos, testemunha o suicídio de Célestine-Jacquette Davezac (1821), sua mãe, ocorrido na comemoração natalina de 1847, no casarão 9, da rua Camacuá, em Montevidéu. Aos 13 anos, devido às pestes e guerras no Uruguai, o menino é empurrado num navio pelo chanceler interino do consulado geral da França em Montevidéu, François Ducasse (1809-1887), seu pai, para ser educado no sul da França, onde sofre crises de angústias terríveis e os rigores dos pedófilos nas prisões escolares de Tarbes e Pau.



"Pois bem, que assim seja! Que minha guerra contra o homem se eternize, já que cada um de nós reconhece no outro sua própria degradação... já que somos ambos inimigos mortais. Quer deva eu conseguir uma vitória desastrosa ou sucumbir, o combate será belo; eu, sozinho contra a humanidade". Lautréamont, "Os Cantos de Maldoror".




 
Aos 18 anos, tendo em mãos um baccalauréat e uns Cantos inacabados, adota para si o pseudônimo “Conde de Lautréamont” e vai aventurar-se no mundo das letras em Paris e Bruxelas. Rejeitado pelos editores e decepcionado com o paroquialismo literário francês, o jovem escritor, precursor do surrealismo e discípulo de Baudelaire, abandona os estudos formais e passa a desfrutar, às expensas do pai, de uma vida pomposa em Paris, sendo hóspede do hotel Verdun, no Cais d’Anjou, 17. Sentindo-se no topo do mundo, Ducasse adquire hábitos refinados, aluga um fiacre-negro, com cocheiro agaloado e passa a freqüentar os teatros, bistrôs e torna-se um freguês assíduo dos cabarés do Montmartre. Quando tudo vai bem na vida desse dândi precoce, contemporâneo de Verlaine e Marllamé, eis que François Ducasse toma conhecimento da vida boêmia e errante do filho e o abandona. Com o orgulho ferido e cheio de esperanças no seu futuro literário, Ducasse empreende viagens à Bélgica na esperança de aproximar-se de Baudelaire, Paulet Malassis e Victor Hugo, que vivem em Bruxelas na condição de expatriados.

 Em 1896, Rubén Darío, influenciado por Léon Bloy, publica em seu livro Los Raros, um ataque feroz contra Lautréamont: Su nombre verdadero se ignora... Él se dice montevideano; pero ¿quién sabe de la verdad de esa vida sombría, pesadilla tal vez de algún triste ángel a quien martiriza en el empireo el recuerdo del celeste Lucifer? Vivió desventurado y murió loco. O mesmo Rubén Dário se curva ao genio dizendo: Escribió un libro que sería único si no existiesen las prosas de Rimbaud; El no pensó jamás en la gloria literaria. No escribió sino para si mismo. Nacio con la suprema llama genial, y esa misma le consumió.

 Em janeiro de 1928, François Alicot presta um grande serviço, entrevistando Paul Lespés, condiscípulo de Ducasse nos Liceus de Tarbes e Pau e filho de Jean Dazet, tutor de Ducasse. Alicot extrai de Dazet preciosas informações sobre Isidore Ducasse:
           "Conheci Ducasse no Liceu de Pau, no ano de 1864. Ele estava comigo e com Minville na classe de retórica e no mesmo curso. Ainda vejo aquele rapaz grande, magro, as costas meio curvas, a tez pálida, os cabelos compridos caindo atravessados sobre a testa, a voz meio estridente. Sua fisionomia nada tinha de atraente. Habitualmente, era triste e silencioso, como se estivesse dobrado sobre si mesmo. Por duas ou três vezes, falou-me com uma certa animação dos países de além-mar onde se levava uma vida livre e feliz. Com freqüência, na sala de estudos, passava horas com os cotovelos apoiados na carteira, mãos na cabeça e os olhos fixos em um livro clássico que não lia. Via-se que estava mergulhado em um devaneio. Eu achava, como meu amigo Minville, que ele sentia saudades e que a melhor coisa que seus pais poderiam fazer seria levá-lo de volta a Montevidéu. (...)

 Adotado pela geração de Lorca e Alberti, Lautréamont é considerado por Octavio Paz como a Águia real, a águia negra da poesia universal. J.G.M. Le Clézio, no prefácio da edição preparada por Hubert Juin, fala de uma obra primitiva e única, que não tem paralelos em nossa tradição literária. Marcelin Pleynet, em Lautréamont par lui-même, Éditions du Seuil, 1967, escreve: É o livro mais radical de toda a literatura universal.
Construída em forma de relatos ficcionais, a obra de Ducasse amplia as possibilidades da ficção e das estruturas dramáticas lineares e, ao mesmo tempo desarticula, de uma vez, o paradigma da narrativa dramática estruturada sobre os pilares da lógica aristotélica de: começo, meio e fim. E foi mais longe: transformou a palavra em entidade sonora e a metáfora em entidade pensante, o que nos impossibilita tentar suprimir dos Cantos a exatidão lógica da sua desordem, pois, num movimento do pensamento, a metáfora que já havia encontrado um lugar, um tempo e um significado exato, evola-se, e salta dos sentidos para adquirir, em seguida, uma forma transfigurada de ascese.
Lautréamont, um anticanônico que ergueu sob os próprios ossos uma catedral de metáforas, agora é elevado à categoria de clássico universal, ganhando edições e reedições sucessivas em todas as línguas e países do planeta. (Ruy Câmara)

Poésis II _ Comte de Lautréamont


O génio é o garante das faculdades do coração.
O homem não é menos imortal do que a alma.
Os grandes pensamentos vêm da razão!
A fraternidade não é um mito.
As crianças que nascem não conhecem nada da vida,
nem se sequer a sua grandeza.
Na tristeza, os amigos aumentam.
Tu que entras, deixas todo o desespero.
Bondade, o teu nome é homem.
Este aqui que rebaixa a sabedoria das nações.
Cada vez que leio Shakespeare,
parece-me que disseca o cérebro de um jaguar.
A Homenagem da Semana da Agend@ Cultural  Piracicabana e do Sarau Literário Piracicabano é para a :
Gostaríamos de homenagear todos os músicos que passaram pelo sarau na pessoa que nos acompanha desde 2007, e, que é a nossa alma musical e poética. Com sua alma generosa vai trazendo os amigos para mostrar os seus dotes artísticos, alguns se apaixonam e continuam a nos brindar com suas interpretações: ela é a Coordenadora Musical, Flautista, Escritora, e Médica: Ana Lúcia Stipp Paterniani.

## Aninha Paterniani - iniciou seus estudos de flauta transversal com o professor Rafael Gobeth, na Escola de Música de Piracicaba. Há alguns anos procurou a professora Juliana de Moraes, para um repertório mais popular. Através dela, foi apresentada ao grupo " Porcelana Brasileira" do qual agora é integrante. Adora tocar e cantar com os amigos do sarau.

3 comentários:

  1. Recebi da querida amiga Ana Paterniani e publico aqui na Agend@!

    Ai, mana Ana!! Você é tão querida e amorosa!! Querida, querida, querida!!!!!!!
    Amo você e peço a Deus para cuidar de você que alegra o coração de tantas gentes!!!!!!!
    Aninha bananinha

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  2. Anônimo8/1/11 07:39

    Ana: parabéns por mais este trabalho de pesquisa. "Os poetas são as antenas da raça" - dizia Ezra Poud. Poetas nos surpreeedem sempre! A poesia possui sua força intrínseca e ela é descomunal!
    Abraços da Marisa Bueloni

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  3. Muito bom o material, está ajudando na minha pesquisa de inicição cientifica!

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