domingo, 7 de agosto de 2016

Apesar de tudo é preciso poetar...

Livro de poesia a gente não deve ler de cabo a rabo. Tem de ser assim devagarinho pra que o espírito da palavra encarne na gente. Livro de poesia tem de ser um ir e vir livre: se na metade, volte, porque vez ou outra é bom ver se entendeu/sentiu bem porque a gente se vai mudando conforme vai lendo, e como não se é o mesmo a cada página, vai que o lido acaba revelando mais do que o lido! Eu não tenho pressas de ler poesia. Vou indo como quem bebe água e come, quando o corpo pede que é pra absorver melhor. (Richard Mathenhauer _ escritor e poeta ) 

##Leio poesia em doses homeopáticas... enrolando as palavras na lingua...saboreando... escrevendo alguns versos para digeri-los melhor... volta e meia relendo-os!              Ana Marly de Oliveira Jacobino_ escritora e poeta)

#‪#‎Publicações feita  no Caderno do Sarau Literario Piracicabano de 12 de JUlho de 2006
APESAR DE TUDO! Carlos Roberto Furlan
Julho fulgura! Com ele florescem os ipês, fiéis à sua vocação, numa despudorada e triunfante exaltação à vida. Se, de um lado, há tanta apoteose de verdade e poesia, por outro, a fastidiosa monotonia dos telejornais continuam estampando as oscilações das nossas tristezas ao constatarmos que o nosso tão suado dinheiro escorre, diuturnamente, por inúmeros ralos da ilegalidade.
E nós, do lado de fora, pagamos a conta, armamos o circo, carregamos a lona e as gambiarras, enfrentamos as feras e levamos, nas costas, até o elefante.
Em meio ao alheamento da vida moderna, confesso, me sinto como um malabarista no meu próprio picadeiro. Talvez o que me ampara é a rede estendida por baixo. Sei que ela é tecida por fios fortemente entrelaçados, oriundos do meu genótipo, das minhas crenças, da minha fé, das minhas esperanças, da minha vivência...
É bem verdade que sempre sou chamado a enfrentar inúmeros desafios e a ultrapassar muitos obstáculos; ora com determinação, às vezes desanimando, mais adiante recuperando a coragem, compondo com o imponderável, mas à minha maneira, a trama que certamente resultará numa jornada única, absolutamente singular. Talvez o grande desafio seja encontrar o equilíbrio dessa balança que traz, nos pratos, pontos luminosos e zonas de sombra, trajetórias de altos e baixos que, eu sei, sempre dependerão do que eu souber ou quiser enxergar. 
Por isso, evito carregar pesos inúteis. É melhor largar essa bagagem no meio do caminho, escrevendo a minha história com as tintas da alegria.
São as cores dessa alegria que usamos para preparar cada edição do nosso sarau. E o meu desejo, de coração, é que ela possa ser a mesma que usaremos para encarar qualquer complexidade da vida, no espelho da nossa existência. Então, que a ordem seja: rir mais, cantar mais, ler mais poesias, contar ou ouvir uma boa história, viajar mais, dançar com a vida... Talvez essa seja uma das armas mais eficazes que devemos usar pra enfrentar tempos bicudos. Armas que nos dão asas, que elevam o espírito e nos fazem alcançar um lugar além da tristeza. Um lugar que faz a gente sonhar sonhos que iluminam o nosso céu. E o coração. Porque julho fulgura e os ipês florescem... Apesar de tudo! 

Rebuscando emoções_ Dulce A.S. Fernandez
Seu Camilo foi deixado num asilo. Enfim, não teve escolha. Idosos curiosos apreciam sua chegada. Soluços. Passos magros até a capela. Longo silêncio. Frente a frente com o Jesus Crucificado pendente no madeiro, desfila orações. É convencido a carregar a cruz compartilhada. No seu rosto pálido é aberto um sorriso de paz. Depois de guardar seus pertences no tímido armário do quarto, sobre o fino colchão estira o velho corpo. O vento sopra acariciante, tentando aliviar seus ossos cansados. Ao ajeitar o duro travesseiro, vira a cabeça. Vê um pássaro saltitando no parapeito da janela. De repente, o pequeno corpo plumoso sacode a quietude do aposento com uma doce melodia. A seguir, seu Camilo, pelas frestas de seus olhos semicerrados, vê o balançar cômico do bigode do homem do quadro, que sorri. São místicas emoções para seu coração grisalho. Adormece. Tecendo sonhos, sobrepondo os fios do bigode do homem do quadro, faz uma arapuca. Com a alma impregnada de alegria infantil, brinca de caçar passarinhos...
Causando _ Letícia Vidor de Sousa Reis 
Budista zen
que me faz bem.

Amante de circo
feito criança
chupando pirulito.

Causando
pelas trilhas urbanas
e esquinas paulistanas

E pelas trilhas
e esquinas
do meu coração.
A Música _ Leda Coletti
( Homenagem aos músicos e em especial à querida Professora Ivete Cunha Machado, homenageada desta noite )

A música, das artes, preferida
da parceira fiel, a poesia.
Provém da Luz de Deus e produzida
para trazer a paz, plena alegria.

A pessoa se sente agradecida
ao ouvir sons, canções em sintonia
com o que pensa, faz em sua lida
sonhando um amanhã só de harmonia.

Apreciando instrumentos e corais
as emoções eclodem, são sinais
de alvoradas em novas estações.

Desaparecem mágoas e tristezas
o mundo passa a ter muitas belezas,
a música faz bem aos corações

2 comentários:

  1. Como sempre lindo de ler e passar aqui! Apesar de tudo, poetar é preciso sempre! bjs, chica

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    1. Sempre agradecendo a sua visita tão incentivadora querida Chica. Encantada! Ana Marly

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