Te encontro com certeza no mundo da delicadeza
Todo o Sentimento- Chico Buarque/Cristovão Bastos ...um compor poético de fazer o coração arrebentar de tanta emoção! Linda interpretação de Suzi Christophe Furlan junto ao Grupo Caleidoscópio...https://www.youtube.com/watch…
#Publicado no Caderno do Sarau de 18 de Novembro de 2014 Nossa Língua Portuguesa:
Elas sumiram e a língua portuguesa empobreceu... Escolha uma ou mais
palavras para usar na fala ou na sua escrita pelo menos uma vez por
semana:
Alcaide: prefeito
Ceroula: cueca
Nosocômio: hospital
Outrossim: também
Hum: um
Soer: acostumar
Cincoenta: cinqüenta
"Haja vista", em homenagem ao senhor Zé ABC que muito me inspirou em suas falas e tiradas. Roberta Lessa)
HAJA VISTA
Haja vista para os que temem enxergar, haja vista viverem sempre a penar.
Haja vista para os que fogem da justiça, haja vista terem eles o olhar da cobiça.
Haja vista para os que agem na obscuridade, haja vista serem do reino da maldade.
Haja vista para os que se julgam impunes, haja vista por se acharem imunes.
Haja vista para os que são solidários, haja vista serem eles tão necessários.
Haja vista para os que agregam valores, haja vista serem na vida as flores.
Haja vista para os que oram com fervor, haja vista serem plenos no amor. HAJA E VISTA
Quando eu crescer _ Ana Lúcia Paterniani
"vou querer ser árvore
Pode ser de flor
Pode ser de fruta
Pode ser de folhas só
Árvores são boas
Árvores são amigas quietas
E silenciosas
Acolhem nossos segredos sem sermões
Nem julgamentos
Não fazem fofocas
São generosas, acolhedoras,
Doando sua sombra e frutos
Aos passarinhos e aos passantes
Que quiserem parar e descansar
São professoras do amor incondicional
E sabem praticar meditação
Pois permanecem imóveis e equânimes
Nos dias de sol e nas
Tempestades
Sim!
Quando eu crescer
Se me for permitido escolher
Vou querer ser árvore!!!
Inveja_ Camilo Camilo Irineu Quartarollo
Sentia dores na boca do estômago, costas, peito, panturrilhas e outras
do varejo da meia-idade que o médico intuia. Doía-lhe o corpo todo e a
alma aspirava algo mais que uma aspirina diária. Enquanto tomava os
remédios paliativos, de caixinhas coloridas e nomes decorativos que
comprara com alguns sabonetes, já tinha nas mãos os últimos exames
exaustivamente marcados de última hora
encaixados nas desistências. A visita à farmácia já lhe dera um alento,
pois atendentes são todos sadios e na primeira dorzinha já sabem o que
tomar. Sentia-se protegido neste templo moderno da tecnologia do viver
indolor.
Sua infância fora triste, mas não doentia como a alta
idade. As primeiras doenças foram-lhe tratadas com chás e algumas
benzeduras de uma cabocla, mas tudo começou quando viu um menino rico na
escola. O tal tinha uma tipoia, quebrara o braço e restabelecia-se
feliz, bem cuidado por todos e com mimos. Nas suas imaginações queria
ter uma perna, um braço, um dedinho que fosse, quebrado. Teria o gesso
branco, onde todos iam gravar seus nomes e mensagens. Seria diferente
como aquele menino rico. Mas não. Era terrivelmente saudável. Dai veio o
desencanto pela vida, queria a de outro, não a própria. A sua era
sofrimento sadio. Nem tanto, o diagnóstico de evasão ou masoquismo lhe
impingia consultas com o médico de sadios - o psicólogo; ah – imaginava
de quando certos sintomas da alma eram encarados como frescuras ou
tratados a tapas e depressões só existiam na economia. (mas peço que os
leitores deprimidos continuem a me ler)
Desta vez nosso herói passou
por uma dor grande, mas de pouca aparência. O dedo mindinho foi lhe
amputado e triturado na máquina de moer. Um acidente fatal que lhe deu
uma aposentadoria precoce e nenhum reconhecimento a sua alma tímida.
Ninguém percebia o acidente ou a alma dilacerada.
Então o médico
veio-lhe providencial. Ia entrar com medicamentos, continuar com os
acompanhamentos de psicólogo e, uma possibilidade – o implante de outro
mindinho. Para quê? Nem que fosse para coçar os ouvidos, teria um corpo
perfeito. Primeiro a bateria de exames e destes o médico o desenganou
dizendo:
- O senhor não tem angina, não é cardíaco, diabetes não tem, então...
Nem uma doença e poderia ir para o transplante andando. Foi. Saiu
sorridente e veio a falecer semanas depois pela rejeição do dedo
implantado. O dedo o rejeitou! A família chorava pelos corredores,
dizendo:
- E nem era o indicador. Buá.
Pequenas dores podem vir
de rejeições e invejas por pensamentos miúdos acerca de realidades que
não se empurram com dedo emprestado.
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