O escritor homenageado Carlos Drummond de Andrade teve suas poesias e sua vida difundida nos dias desta grande festa literária em Parati. A cidade recebe a todos de braços abertos, mas, não podemos deixar de escrever sobre a falta de estrutura para uma festa deste porte em que se tornou a Flip.
O alto preço cobrado pelas pousadas, pelos restaurantes e outros serviços da cidade assusta os turistas que procuram a cidade durante a Flip. Ana Marly de Oliveira Jacobino
Entrada da Tenda dos Autores
Rio Perequê-Mirim ao lado das Tendas Literárias
Leitura dando início na noite de quarta feira de um poema de Drummond por um convidado. Os poemas de Carlos Drummond de Andrade, homenageado deste ano, deu início a cada uma das mesas de estudos realizadas por escritores convidados da Flip 2012.
A seguir Jovens autores brasileiros_ Mesa 1 (05/07/2012)
Escritas da Finitude_ Ana Marly de Oliveira Jacobino
Altair
Martins, André de Leones e Carlos de Brito e Mello foram os jovens autores brasileiros
convidados para a primeira mesa da Flip em 2012. De algumas das minhas
anotações surgiram este pequeno texto.
André de
Leones, nasceu na cidade de
Silvania, no interior de Goiás. Ele conta que
a sua cidade tem a estranha sorte de apresentar estatísticas assustadoras de suicídio,
e talvez seja pelo fato da rígida educação religiosa, e das estruturas
autoritárias, famílias conservadoras geram a auto-anulação do indivíduo que se
mata.
Ao ser interpelado
pelo mediador João Cezar de Castro Rocha, sobre
o motivo de gostarmos de ler ficção, relacionada à morte os escritores falaram
sobre as suas escritas:
”Gosto
de pensar que “Dentes negros” é um livro impulsionado para o fim, talvez até
por isso seja uma narrativa breve. Não há como tergiversar muito à frente de um
abismo.
Na cidade do interior em que nasci, há um grande número de
suicídios, o que me levou a muitos questionamentos na vida. Eu, ao invés de me
matar, resolvi escrever sobre a morte dos outros. A literatura não salva, mas
adia a morte inevitável.
Mas, mesmo sendo um romance apocalíptico, o final é feliz: tendo
contemplado o abismo, olham para cima e conseguem enxergar um ao outro. A
consciência da finitude é importante.
Já, o jovem escritor Altair Martins conta uma ficção a partir
da biografia da morte do seu pai; um jockey. Ele saiu um dia para uma
carreira e morreu andando de moto pela estrada. Na literatura temos duas mortes
evidentes, a física e a morte anímica. A vida é a arte de esquecer, não de lembrar. É
uma arte de morrer constantemente... “A
maioria dos livros fala sobre o que ocorre ao redor da morte, não a morte em
si. Meu livro “Parede no escuro” mostra um atropelamento e as várias mortes
anímicas que ocorrem a partir disso.
Altair fala achar curioso o fato de Ricardo Reis
não ter morrido, ele é eterno. Ricardo Reis tinha uma dúvida: sou ou não sou um
deus? Sou imortal? Bem, interessante citar que: Fernando Pessoa morreu antes
dele.
Comenta que a intenção do escritor é a de escrever um romance
para ver onde ele pode chegar, para experimentar a finitude e não
necessariamente para metaforizar determinados temas.
Carlos
de Brito e Mello faz alusão de que a morte encerra mas
também inaugura algumas possibilidades. Em “A
passagem tensa dos corpos”, seu mais recente romance ele conta: É a morte
quem opera a narrativa. Como num jogo de tabuleiro: Resta Um funciona pela
morte. Sem a perda da peça o jogo não continua, mas percebe-se a importância do
tabuleiro.
Na minha
cidade (Visconde do
Rio Branco (MG)) as mortes eram anunciadas por um carro de som. E ao ouvir
isso, na casa da minha avó, começava uma conversa sobre quem era aquela pessoa,
o que ela havia feito as outras pessoas da cidade que já haviam morrido ou não.
O momento
da descoberta de uma morte desafia a linguagem, há gaguejos, surpresa, choros.
Mas ao mesmo tempo nós só experimentamos a morte por causa da linguagem.
Nisso uma
pessoa da platéia conta para Carlos de Brito que o carro de som está proibido
de circular pela cidade anunciando as mortes... veio a lei do silêncio!
fotos: Ana Marly
Aninha querida,
ResponderExcluirAdorei relembrar a Flip.
Beijos
Estela