sábado, 19 de novembro de 2011

Flor Bela Spanca, a bela em prosa e poesia...

"Nasceu a Flor Bela em 08 de Dezembro amada e ao mesmo tempo rejeitada pelo pai cresce em uma sociedade escrupulosa e descriminadora. Aprendeu a amar e a sofrer desde pequenina. O trágico lhe acompanha! Redemoinho de emoções fortes arrebatam seu espírito. A morte lhe devora! A infelicidade toma conta da sua alma. Suicida-se, assim, como nasceu a Flor Bela, a bela em prosa e verso num 08 de Dezembro! initium et finem in saecula saeculorum. Amen!" Ana Marly de Oliveira Jacobino
Filha de Antónia da Conceição Lobo e do republicano João Maria Espanca nasceu no dia 8 de Dezembro de 1894 em Vila Viçosa, no Alentejo. O seu pai herdou a profissão do sapateiro, mas passou a trabalhar como antiquário, negociante de cabedais, desenhista, pintor, fotógrafo e cinematografista. Foi um dos introdutores do “Vitascópio de Edison” em Portugal. Seu pai era casado com Mariana do Carmo Toscano. A sua esposa não pôde dar-lhe filhos. Porém, João Maria resolveu tê-los – Florbela e Apeles, três anos mais novo – com outra mulher, Antónia da Conceição Lobo, de condição humilde. Ambos os irmãos foram registados como filhos ilegítimos de pai incógnito. Entretanto, João Maria Espanca criou-os na sua casa, e Mariana passou a ser madrinha de baptismo dos dois. João Maria nunca lhes recusou apoio nem carinho paternal, mas reconheceu Florbela como a sua filha em cartório só dezoito anos depois da morte dela.
                                                     O meu impossível

Minh'alma ardente é uma fogueira acesa,
É um brasido enorme a crepitar!
Ânsia de procurar sem encontrar
A chama onde queimar uma incerteza!
#Tudo é vago e incompleto! E o que mais pesa
É nada ser perfeito. É deslumbrar
A noite tormentosa até cegar,
E tudo ser em vão! Deus, que tristeza!...
#Aos meus irmãos na dor já disse tudo
E não me compreenderam!... Vão e mudo
Foi tudo o que entendi e o que pressinto...
#Mas se eu pudesse a mágoa que em mim chora
Contar, não a chorava como agora,
Irmãos, não a sentia como a sinto!...
                      Matosinhos local onde nasceu Florbela nos dias atuais.
O sofrimento, a solidão, o desencanto, aliados a imensa ternura e a um desejo de felicidade são os temas dos seus poemas. A sua inspiração veio de sua vida tumultuada, inquieta, e sofrimentos íntimos provocados pela rejeição paterna. Seu primeiro poema foi escrito em 1903: "A Vida e a Morte". Em 1913 casou-se em Évora com Alberto de Jesus Silva Moutinho, seu colega da escola.
Em 1917 Flor completou o 11º ano do Curso Complementar de Letras e matriculou-se na faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Florbela foi uma das catorze mulheres entre trezentos e quarenta e sete alunos inscritos.
Um ano mais tarde a escritora sofreu as consequências de um aborto involuntário, que lhe teria infectado os ovários e os pulmões. Repousou em Quelfes (Olhão), onde apresentou os primeiros sinais sérios de neurose.
             "A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos. O quadro é único, a moldura é que é diferente."   Florbela Spanca
Em 1919, sendo ainda casada, a escritora passou a viver com António José Marques Guimarães[6], alferes de Artilharia da Guarda Republicana. Em meados do 1920 interrompeu os estudos na faculdade de Direito. Em 29 de Junho de 1921 pôde finalmente casar-se com António Guimarães. Mas, em 1925, divorciou-se de Antônio. Esta situação abalou-a muito.
                                                  Fanatismo _Florbela Spanca

Minhálma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és se quer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
#Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
#E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio do Fim!..."
Em 1925, a poetisa casou com o médico Mário Pereira Lage, que conhecia desde 1921 e com quem vivia desde 1924. O casamento decorreu em Matosinhos, no Distrito do Porto, onde o casal passou a morar a partir de 1926. No mesmo ano, Apeles Espanca o irmão da escritora, faleceu num trágico acidente de avião. A sua morte foi para a autora realmente dolorosa. Em homenagem ao irmão, Florbela escreveu o conjunto de contos de As Máscaras do Destino, volume publicado postumamente em 1931. Entretanto, a sua doença mental agravou-se bastante. Em 1928 ela teria tentado o suicídio pela primeira vez. Florbela tentou o suicídio por duas vezes mais em Outubro e Novembro de 1930, na véspera da publicação da sua obra-prima, Charneca em Flor. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, a poetisa perdeu o resto da vontade de viver. Não resistiu à terceira tentativa do suicídio. Faleceu em Matosinhos, no dia do seu 36º aniversário, a 8 de Dezembro de 1930. A causa da morte foi a sobredose de barbitúricos.

A poetisa teria deixado uma carta confidencial com as suas últimas disposições, entre elas, o pedido de colocar no seu caixão os restos do avião pilotado por Apeles na hora do acidente.
Florbela escreveu muito em prosa, poesia, contos, um diário e epístolas; traduziu vários romances e colaborou ao longo da sua vida em revistas e jornais de diversa índole, Florbela Espanca antes de tudo é poeta.É à sua poesia, quase sempre em forma de soneto, que ela deve o reconhecimento. A temática abordada é principalmente amorosa. O que preocupa mais a autora é o amor e os ingredientes que romanticamente lhe são inerentes: solidão, tristeza, saudade, sedução, desejo e morte. A sua obra abrange também poemas de sentido patriótico, inclusive alguns em que é visível o seu patriotismo local: o soneto “No meu Alentejo” é uma glorificação da terra natal da autora.

Florbela Espanca, 1894-1930. Poemas de Florbela Espanca / Estudo introdutório, organização e notas de Maria Lúcia Dal Farra - São Paulo: Martins Fontes, 1996.
António Ferro. "Uma grande poetisa portuguesa", in Intervenção Modernista. Lisboa: Verbo, 1987.
António José Saraiva, Óscar Lopes. História da Literatura Portuguesa. 9ª ed. Porto: Porto Editora, 1976.
ESPANCA, Florbela. Poemas de Florbela Espanca. Edição preparada pó Maria Lúcia Dal Farra. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
fotos google
                                                                 Convites:
Porcelana Brasileira
NA PRÓXIMA QUARTA, DIA 23/11, AS 20:30, NA SALA 2 DO TEATRO...
INGRESSOS $15,00 ( HÁ APENAS 20 NA BILHETERIA DO TEATRO E ALGUNS COM AS INTEGRANTES DO GRUPO ).

Espetáculo: Patrícia Moreno
Local: SESI Piracicaba – Av: Luiz Ralph Benatti, 600 Vila Industrial
Datas e horários: dia 20/11 às 19h (domingo)
Entrada: Franca – os ingressos serão distribuídos uma hora antes do início da apresentação.
Capacidade: 320 lugares
Duração: 90'
Recomendação etária: livre
Entrada: Franca – os ingressos serão distribuídos uma hora antes do início de cada apresentação.

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