quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O que há nas entrelinhas das letras de Caetano Veloso...

"Pois é, você o admira  pela sua história irreverente, aprende a cantar suas composições e a gostar das suas melodias. Você o acha genial..., mas, ele, vai além disso, Caetano Veloso e a Tropicália veste a camisa de uma geração de expurgados pelo regime social e militar, caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento... em plena era de chumbo do regime militar brasileiro. Salve, Caetano Veloso, salve, salve!
                                              Ana Marly de OLiveira Jacobino
A rebeldia de Caetano Veloso incomoda a sociedade centralizadora da época, as vaias durante a sua apresentação do Festival de Música Popular Brasileira em 1967 se transfotma em aplausos e gritos histéricos do público que o acompanha cantando. Uma mudança radical vai acontecer no pensar da sociedade como um todo. Caetano Emanuel Viana Teles Veloso um jovem de Sanato Amaro da Purificação extrapola as fronteiras da idade e dos costumes e faz um país inteiro pensar!

Ao som de guitarras elétricas do grupo argentino Beat Boys, as vaias para algo inusitado como a guitarra elétrica na música, se transformaram em aplausos e enlouqueceu o terceiro Festival de Música Popular Brasileira (TV Record, outubro de 1967), juntamente com Gilberto Gil, que interpretou Domingo no Parque, classificadas respectivamente em quarto e segundo lugar. Era o início do Tropicalismo, movimento este que representou uma grande efervescência na MPB.
Alegria, Alegria foi composta com imagens do cinema, lendo a letra parece que estamos em um filme, a letra nos passa flashes. A letra faz alusão a revista Sol que trazia em seu conteúdo assuntos variados:
Caminhando contra o vento

Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou...
O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou...
Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot...
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou...
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não...
Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento,
Eu vou...
Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou...
Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil...
Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou...
Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou...
Por que não, por que não...

                       Ouça e vibre com Alegria, Alegria no Festival de 1967:
                      http://youtu.be/xMZ5gtVDtBc
Caetano Veloso escreveu para o Pasquim, enquanto estava no exílio. Seus textos repletos de neologismos fazem trocadilhos com poemas importantes dos nossos grandes poetas para falar do tempo em que estava viendo apatriado, infeliz, e com uma saudade imensa dos amigos e do Brasil.
                  A Praça Castro Alves é do povo como o céu é do condor. O céu é azul. O azul é incrível. O vermelho é incrível. O mar da Bahia fica acima do nível do mar. Mandei fazer pra você, Maria, uma fantasia de papel crepon. Mas pra você sair na rua tem que a previsão dizer que o tempo é bom. Amarelo. O sol underground. Cerveja ferro na boneca antártica a cerveja brahma nossa amaralina. Amaralina, para quem está por fora da geografia, fica longe, muito longe da Praça Castro Alves. Mas pra quem está por dentro da geografia Amaralina fica também ali embora Amaralina seja o lugar onde o mar está ao nível do mar e a terra está ao nível do mar e o céu também enquanto na Praça Castro Alves o mar está acima do nível da mão do poeta e não há geografia que explique que descreva que estude o azul é do povo como o vermelho e o amarelo. O sol, dizia eu, underground sobem flores losangos cotovelângulos eu só posso falar com você sobre o que você não entende numa forma que você não entenda. O branco. Como o negro é do condor. Fui telefonar pra o meu amor, disquei o número mas não fui atendido. Eu metia o dedo, tirava o dedo, já estava com o dedo ferido. Carnava. Ladeira, águas bruscas, sacasacasaca sacarolha. Eu quero é couro. Na rua do ouro. Barbarracas Sé. Oi, todo dia eu tomo banho. Minha rolinha do mesmo tamanho. Severiano Mudança do Garcia Internacionais. Tororó da janela da casa Clara Tororó Lay tio Lay Clara janela Tororó. Garcia. Mais um, mais um, Bahia. Filhos de Gandhi. Relógio certo atrasado de São Pedro Relógio de São Pedro atrasado preguiça Cabeça Anjo Azul Fantoches da Eutherpe. O Fantoches é do povo como o céu é da rolinha.

Fantoches: coxas. Quem sabe, sabe. Doutora Lu, Doutor Lulu. Voltando ao sol, cuidem de mim correndo paladeira morrendo atrás do trielétri. Não tem doutor pra lhe curar, não tem padre pra lhe salvar, não tem polícia militar pra lhe prender, não tem juiz pra lhe julgar, não tem ladrão pra lhe roubar. Quero morrer, quero morrer já. Fui curado de cansaço e medo por um doutor. Quero viver, quero viver lá. Policiais vigiando. Iate Clube da Bahia Baiano Associação Atlética Coqueijo a onça moça ninguém entra Iate Clube carteirinha penetra Iate Clube ninguém também lá dentro é tão. Misericórdia. Sé. Cada ano sai pior. Cada ano sai melhor no sábado será que é o Cada Ano Sai Pior que no sábado cada ano sai melhor? Reco-recordações. Recor-recordações. O sal da terra. O sal batendo nos telhados cor da pele. O Teatro Castro Alves é do corvo como parto é dos com dor. Barroquinha, barracas, brahmas, beijos. Maria, Jota. O sol da terra. Tororó. Fui beber água e achei até cerveja e feijoada no ano que eu estava com dor de dente todo o mundo está a fim de te ajudar no teu karmaval. Ai ai ai ai, está chegando a hora. Cielito lindo. Sabes que me estás matando, que estás acabando con mi corazón. Manhã, tão bonita manhã. Qual a marcha de maior sucesso qual o samba aguardo cartas. Eu não sei de nada. Eu não sou daqui. Sai de cima dessa nega que essa nega tá de Pata, pata. Boi, boi, boi, boi da cara preta, vem comer Gracinha que tem medo de careta. Oi, todo dia eu tomo banho. Digão, cadê o dragão? Não adianta se o Recife está longe e a saudade é tão grande que eu.
                       Caetano Veloso          Pasquim, 02 a 09/04/70
Londres, com om céu quase sempre encoberto deixava Caetano Veloso ainda mais triste!
 Um estudioso apaixonada pela boa música brasileira, Luiz Antonio de Souza
Projeto Música e Literatura mostrou na noite de ontem a  fase de Caetano Veloso no exílio, foi  mais um encontro do ciclo de palestras ministradas pelo jornalista Luiz Antonio de Souza, com a temática Música e Literatura.
Um encontro apaixonante em que pudemos ao som da boa música saber detalhes
sobre a fase produtiva do compositor Caetano Veloso durante o seu exílio no final dos anos 60 e início dos anos 70, ainda no auge do movimento tropicalista, o jornalista apresenta algumas músicas que ilustram o período e faz análise de textos escritos por Caetano excepcionalmente para o Pasquim, em que revela sua saudade do Brasil, seu estado de espírito e sua vida em Londres. Um programa imperdível! Nota 10!
                                                 fotos google
Participantes atentos pela maravilhosa história contada pelo Jornalista, Músico, Pesquisador e Professor Luiz Antonio de Souza contemplando desta vez: Caetano Veloso!
                  Alerta: Não podemos esquecer, nunca o que fazem com o Rio de Piracicaba

Rio de Piracicaba em Setembro de 2011 com a vazão de 25 metros cúbico/ hora pede socorro! Sistema Cantareira mata o nosso rio! foto da página da EPTV (google)
               
                    SOS Rio Piracicaba_Ana Marly de OLiveira Jacobino
O rio Piracicaba está mostrando as pedras. O rio passa fome de água. As autoridades cogitam em pedir mais água ao “Sistema Cantareira”. O nosso rio está pele e osso. SOS! Água! Água! Água! Água para o Rio de Piracicaba!
                                              Você não pode perder...
Olá amigos, tudo bem! A terceira entrevista do programa Fronteiras da Arte está demais. Desta vez visitamos o ateliê da artista plástica Luisa Libardi, uma pessoa que tenho um carinho especial e que possui, além de uma carreira consolidada na cidade, todo o respeito no meio artístico (vejam arte anexada).
A exibição inédita na TV Unimep, pelo Canal 13 da Net Piracicaba, será nesta quinta-feira, 20 de outubro, às 19h. Outros dois reprises estão programados: sexta-feira (21), às 13h, e segunda-feira (24), às 22h30.
Quero lembrá-los que as duas primeiras edições do programa - com Lúcia Portella e Eduardo Borges de Araújo - já estão disponíveis no YouTube e também no meu blog (www.dandonota.wordpress.com).
Apresentação: Rodrigo Alves. Edição: Fábio Mendes. Edição: Fábio Mendes e Robet Capreci.
                          Abraço e conto com a opinião de vocês!
                                                          Rodrigo Alves_ Jornalista - MTb 42.583
Assista o segundo programa Fronteiras da Arte com Eduardo Borges de Araújo:
http://youtu.be/yOBs4_vChkY


Assista ao primeiro programa Fronteiras da Arte com Lúcia Portella:http://youtu.be/_21TBaxL_xk
fotos by google

3 comentários:

  1. Iupi! Eu adorei este post. Caetano é sensacional! E tenho certeza que nosso amigo Luiz, também fã incondicional dos Beatles, está fazendo um ótimo trabalho com seu projeto na Biblioteca! Obrigado pelo carinho e por lembrar de mim neste post, querida madrinha caipiracicabANA. Bjos!

    Rodrigo Alves

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  2. 
    Ai, Ana, Caetano é um dos meus preferidos.
    E as frases lapidares dele: 'De perto, ninguém é normal"!.
    'Gente nasceu para brilhar e não para morrer de fome".
    Adoro!!!
    Bjs da Marisa Bueloni

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  3. Agradeço o carinho do Rodrigo e da Marisa em seus comentários aqui na Agenda!

    CaipiracicabANA Marly de Oliveira Jacobino

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