Soneto de amor
Pablo Neruda
Talvez não ser é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando o meio-dia
como uma flor azul, sem que caminhes
mais tarde pela névoa e os ladrilhos,
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sem essa luz que levas na mão
que talvez outros não verão dourada,
que talvez ninguém soube que crescia
como a origem rubra da rosa,
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sem que sejas, enfim, sem que viesses
brusca, incitante, conhecer minha vida,
aragem de roseira, trigo do vento,
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e desde então sou porque tu é,
e desde então é, sou e somos
e por amor serei, serás, seremos.
Ana Marly de Oliveira Jacobino
Seu vulto na soleira iluminado
Qual sombra em angelical; idolatria
Amante, carrega o coração velado
A despeito de vê-lo em arritmia;
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Eu o vi ali trêmulo profanado
Meu amor em sublime afrodisia
Sua mão a roçar meu ventre abrasado
Eu em súplicas vergando em agonia...
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Quem carrega um amor assim doentio
Deve saber, que o espírito consome,
Voraz os sentimentos em seu brio.
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Viceja o poeta versos em rodopio
Enquanto, solitário beija seu nome,
Relegado o afeto, suspira sombrio!
Aracy D. Ferrari
Num ziguezague memorial observo
Esta linda flor branca ornamental.
Em silêncio a contemplo e dialogo,
Mas ela, em sua quietude, não responde...
Porém, pela sua existência, compreende:
Esteve em minhas mãos completando o charme,
Junto ao noivo, fazendo-me sentir o centro do universo,
Na igreja mais vibrante do mundo.
Hoje, ressecada no meu cérebro, a tenho guardada.
Em minha viuvez o ramalhete está partido,
Mas outras, mexem com minha sensibilidade,
Completam-me e habitam o meu ser.
Provocam...Provocam...
Sinto até as chuvas dessas sensíveis flores,
Não em minhas mãos, mas no meu interior!
Que saudade leve de você, e intensa do meu amor.
Num ziguezague memorial observo
Esta linda flor branca ornamental.
Em silêncio a contemplo e dialogo,
Mas ela, em sua quietude, não responde...
Porém, pela sua existência, compreende:
Esteve em minhas mãos completando o charme,
Junto ao noivo, fazendo-me sentir o centro do universo,
Na igreja mais vibrante do mundo.
Hoje, ressecada no meu cérebro, a tenho guardada.
Em minha viuvez o ramalhete está partido,
Mas outras, mexem com minha sensibilidade,
Completam-me e habitam o meu ser.
Provocam...Provocam...
Sinto até as chuvas dessas sensíveis flores,
Não em minhas mãos, mas no meu interior!
Que saudade leve de você, e intensa do meu amor.
SONETO ROGADO
Zé Rui Kleiner
Permita-me realizar, se sou sonho
Cobrir o céu cinza com azul claro
Roubar a estrela-flor de brilho raro
Fazer verso simples quando me ponho.
Me faça andar pela rua risonho
E uma chama no olhar como anteparo
Enfrentando a fraqueza, como encaro,
Mato todo o sentimento medonho.
Complete-me com o espelho da alma
Fazendo deste sonho o passatempo
Livre de cenário ou dor que angustia.
Me afaste da mentira e, com calma,
Abra-me o véu delicado do tempo
E a garoa do meu sereno dia.
SUSSURROS NA NOITE
Elda Nympha Cobra Silveira
O muro tremia
Num abalo fenomenal.
Eram miados, gemidos,
Gritos, uivos, latidos?
Gatos ensandecidos,
Ressoando na noite escura,
Zodiacal!
Esquina apagada
Beco fechado, são ruas em quina
A lua espiando, na madrugada
Apadrinhando
Todo carnal.
Em quatro paredes
Dois corpos nus se inclinam
Fundindo até suas almas
Em sussurros e ardor.
Lá fora felinos
No muros de arrimo e
Cá dentro, frutificando os desejos
Na ressonância do amor.
Zé Rui Kleiner
Permita-me realizar, se sou sonho
Cobrir o céu cinza com azul claro
Roubar a estrela-flor de brilho raro
Fazer verso simples quando me ponho.
Me faça andar pela rua risonho
E uma chama no olhar como anteparo
Enfrentando a fraqueza, como encaro,
Mato todo o sentimento medonho.
Complete-me com o espelho da alma
Fazendo deste sonho o passatempo
Livre de cenário ou dor que angustia.
Me afaste da mentira e, com calma,
Abra-me o véu delicado do tempo
E a garoa do meu sereno dia.
SUSSURROS NA NOITE
Elda Nympha Cobra Silveira
O muro tremia
Num abalo fenomenal.
Eram miados, gemidos,
Gritos, uivos, latidos?
Gatos ensandecidos,
Ressoando na noite escura,
Zodiacal!
Esquina apagada
Beco fechado, são ruas em quina
A lua espiando, na madrugada
Apadrinhando
Todo carnal.
Em quatro paredes
Dois corpos nus se inclinam
Fundindo até suas almas
Em sussurros e ardor.
Lá fora felinos
No muros de arrimo e
Cá dentro, frutificando os desejos
Na ressonância do amor.
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Apaixone-se pela poesia e pelo canto afinado das vozes afinadas do MPB4 é de arrepiar de lindo: Por Quien Merece Amor - Sílvio Rodrigues - versão: Miltinho
Parabéns a Ana Marly por este trabalho incansável em prol da poesia .Parabéns a todos os poetas e sonetistas que nos brindam com esta arte maravilhosa! Abraços da Marisa Bueloni
ResponderExcluirOi Ana,
ResponderExcluirOlha a paixão, o amor e o romantismo expresso nas palavras em forma de poemas. Parabéns a todos!
Cara amiga.
ResponderExcluirO bonito de um poema, é independente de ser alegre ou triste, ser intenso.
Cada um destes poemas publicados encontram seu sentido, pois de formas diferentes tocam o coração com as mãos do sentimento.
Vida intensa para ti.
Que este sentimento vibre sempre para a nossa alegria! Sonetos linnnndos! PARABÉNS! Maria Emília
ResponderExcluirOi Ana Marly! Sua poesia solidão é inebriante e fala tudo o que coração apaixonado vertendo sangue declama... Meu beijo, Ivone Maria R Garcia
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