quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O canto do amanhecer.....

Peço permissão para postar uma crônica publicada no Jornal de Piracicaba de sábado 22 de Fevereiro de 2014:

                           Entoar um novo canto _Ana Marly de Oliveira jacobino
Acredite! Ouço um galo cantar aqui no meu bairro! Nestes dias de intensa preocupação com a falta da chuva, deixando mostrar para todos os cidadãos, a fragilidade dos nossos mananciais, portanto, das nossas vidas, estas que, pulsam ao sabor das águas, ouço um galo cantar em um dos quintais do Bairro Alto. O seu relógio biológico um tanto desequilibrado, o faz cantar durante o dia. E, eu, curto! Ouvi-lo cantar trás felicidade! Morando no interior tivemos a alegria de brincar em quintais arborizados, na maioria deles, um galinheiro completava a alegria da criançada. E, lá, estava ele, empertigando-se todo, esticando o pescoço, o mais alto possível para jogar o seu canto para as copas das árvores.
De repente, o galo índio do vizinho, respondia num cantar de macho, demarcando o território. Outro canto mais distante se fazia ouvir..., uma cascata de cantos entra pelos nossos ouvidos, cada galo, com seu canto, forma um coral tão elaborado, embelezando as madrugadas da nossa infância!
Alguém pode dizer: “O galo cantou para avisar sobre a negação de Pedro!” Acho interessante pensar em um galinheiro bem no centro da cidade de Jerusalém, mais especifico ainda, na casa do sumo sacerdote, se o Novo Testamento, cita a proibição de a população criar gado miúdo em Jerusalém! Será que, o emplumado cantou mesmo por lá? Mas, voltando pro nosso galo do Bairro Alto, constato a dura realidade, o seu canto não é devolvido numa cascata de cantos, o seu canto é solitário, único!
Aonde foram parar os galos dos vizinhos? Aonde foram parar os galinheiros? Aonde foram parar as árvores dos quintais? Aonde foram parar os quintais? Tempo de crescimento imobiliário desenfreado, descaracterizando tudo que encontra pela frente, derrubando árvores, secando mananciais, matando os nossos quintais! Sem quintal, sem galinheiro! Sem galinheiro, sem galinha! Sem galinha, sem galo! As madrugadas ficaram barulhentas: buzinas, brigas, sirenes, som em alto decibel..., tudo memorizado pelos cidadãos na era da alta tecnologia! Tenho medo!
Medo, leitor, que algum desmemoriado cidadão tenha se esquecido do canto do galo, e, venha a implicar com o belo canto do nosso galo! Nosso!? Isso mesmo, nosso galo, ele que, agora, acaba de esticar o seu pescoço para lançar o seu canto para as copas das árvores. Arvores!? Explique você, leitor, para o galo, que as árvores foram trocadas por altos edifícios sem quintais... Explique!
Por favor, cidadão piracicabano, ou, não..., residente no Bairro Alto: “Deixe o nosso galo cantar em paz!
          Comentários sobre a matéria do Jornal de Piracicaba:
Olá, querida!! Gostei da sua matéria no Jornal de sábado....Foi uma identificação tão espontânea,que viajei no tempo.Quando eu era criança, e parte da minha  juventude ( agora não é hora de me fazer contar nos dedos, quanto tempo faz ...kkk. 
Vivi esse tempo em que as pessoas não eram neuróticas,os galos cantavam nas madrugadas,e os outros galos respondiam...era muito bom. Hoje, as pessoas não
tendo com o que se implicar,pela insônia,pela intolerância,,falta de paz interior
chegam ao extremo de odiar os nossos amigos cantores da madrugada...Quanta
doença no coração dos homens...Depois não sabem a razão de tantas enfermidades.
Não há cura para tanta insensibilidade.

                                      Grande abraço... Eunice.....

Ah! Querida Amiga Eunice, como foi bom ler seu comentário, fiquei feliz em saber um pouco da sua história tão movimentada  pelos quintais. Por enquanto, o nosso galo desmemoriado dos horários, continua por aqui ,cantando seu lindo canto me fazendo lembrar dos quintais que tanto brinquei. Peço permissão para publicar seu comentário lá na Agenda Cultural Piracicabana. Um grande beijo e um canto entoado pelo nosso galo...Ana Marly

2 comentários:

  1. Gostei do texto, gosto do galo e sem dúvida ele deve continuar a cantar.Dá um pouco de vida, um ar bucólico à selva de pedra! bjs,chica

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  2. Verdade, Chica como é bom ouvir um galo cantar neste burburinho que se tornou nossas cidades. Ana

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