"Walter Benjamin incorporou as idéias do socialismo e por isso foi duramente punido pela academia alemã tendo a sua tese de livre-docência: Origem do Drama Barroco Alemão sido rejeitada pelo Departamento de Estética da Universidade de Frankfurt. Um intelectual que vai além da perseguição alemã ao continuar a estudar e estudar as suas teses e formar com suas idéias um mosaico filosófico, seus estudos formam "starts desvinculados da religião" e vão acontecendo numa forma em que cada observação reage com a seguinte, e assim, por diante. Neste que seria o dia do seu aniversário penso neste homem perseguido e injustiçado por uma morte trágica!"
Ana Marly de Oliveira Jacobino
Walter Benedix Schönflies Benjamin (Berlim, 15 de julho de 1892 — Portbou, 27 de setembro de 1940) foi um ensaísta, crítico literário, tradutor, filósofo e sociólogo judeu alemão.
Associado à Escola de Frankfurt e à Teoria Crítica, foi fortemente inspirado tanto por autores marxistas, como Georg Lukács e Bertolt Brecht, como pelo místico judaico Gerschom Scholem. Conhecedor profundo da língua e cultura francesas, traduziu para alemão importantes obras como Quadros Parisienses de Charles Baudelaire e Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust. O seu trabalho, combinando ideias aparentemente antagónicas do idealismo alemão, do materialismo dialético e do misticismo judaico, constitui um contributo original para a teoria estética.
Walter Benjamin nasceu no seio de uma família judaica. Filho de Emil Benjamin e de Paula Schönflies Benjamin, comerciantes de produtos franceses. Na adolescência Benjamin, perfilhando ideais socialistas, participou no Movimento da Juventude Livre Alemã, colaborando na revista do movimento. Nesta época nota-se uma nítida influência de Nietzsche em suas leituras.
Em 1915, conhece Gerschom Gerhard Scholem de quem se torna muito próximo, quer pelo gosto comum pela arte, quer pela religião judaica que estudavam.
Berlim no incío do século XX
Como é que a Solidão Hei-de Ir Medindo? Walter Benjamin,
in"Sonetos"Tradução de Vasco Graça Moura
Como é que a solidão hei-de ir medindo?
desse-me os golpes de uso inda esta dor
um a um sua nudez a sobrepor
que o ritmo sem nome a foi vestindo
#mas sofro agora o tempo nu saindo
numa levada sem nenhum teor
gasto caudal do meu rio interior
nem chora o peito por mais gritos vindo
#Quando é que é novo ano na amargura
quando volto a chegar-me à desventura
que me faz falta em ocos dias vis.
#ah quando é que arde escura em cores febris
à testa do ano como a vi na altura
do agosto em chamas funda cicatriz?
Benjamin viveu tempos conturbados, pois é, com a ascensão de Hitler, ainda na década de 30, a situação para os judeus na Alemanha foi se tornando intolerável. Benjamin, então foge para Paris, terra do romancista Marcel Proust (de quem fez a primeira tradução alemã) e de seu maior ídolo, o poeta Charles Baudelaire (1821-1867). Inspirado por Baudelaire e pelas galerias da cidade francesa que o filósofo que tinha o ideal de tornar-se um grande crítico da literatura européia resolveu escrever sua obra, o Trabalho das Passagens, que devido a sua morte trágica fica inacabada.
Após um ano de guerra, acontecem pela primeira vez os bombardeamentos contra Berlim, por parte da Royal Air Force, do Reino Unido. Os ataques são bem sucedidos, pois ninguém do Reich de Hitler esperava a audácia de um ataque directo à capital do recé-formado Império Nazi.
Há em Toda a Beleza uma Amargura _Walter Benjamin, in "Sonetos"
_ Tradução de Vasco Graça Moura
Há em toda a beleza uma amargura
secreta e confundida que é latente
ambígua indecifrável duplamente
oculta a si e a quem na olhar obscura
#Não fica igual aos vivos no que dura
e a não pode entender qualquer vivente
qual no cabelo orvalho ou brisa rente
quanto mais perto mais se desfigura
#Ficando como Helena à luz do ocaso
a língua dos dois reinos nâo lhe é azo
senão de apartar tranças ofuscante
#Mas à tua beleza não foi dado
qual morte a abrir teu juvenil estado
crescer e nomear-se em cada instante?
9 de Maio de 1945 a bandeira russa é hasteada em Berlim. Fim da guerra!
"Quanto mais esquecido de si mesmo está quem escuta, tanto mais fundo se grava nele a coisa escutada." Walter Benjamin
Walter Benjamin se suicidou em Port Bou, na fronteira da França com a Espanha, em 26 de setembro de 1940. Foi vítima, mais uma vez, da má sorte, que lhe acompanhou durante a vida. Temenso ser capturado pelas tropas franquistas e alemãs (é que justamente ficou sabendo que haviam confiscado seu apartamento parisiense), ao saber que a passagem para a Espanha, pela qual pretendia escapar estava fechada, Benjamin tomou uma dose de morfina grande durante a noite. Com o suicídio do filósofo, os oficiais da fronteira, já no dia seguinte abriram as fronteiras para os integrantes da caravana de refugiados em direção a Portugal. A proibição de passar para a Espanha valeu por apenas o dia anterior, o dia escolhido por Walter Benjamin para escapar da França e assim poder viver em algum lugar com um pouco de tranquilidade.
##AS MARAVILHAS DE WALTER BENJAMIN, por J.M. Coetzee
Os Sonetos de Walter Benjamin, trad. Vasco Graça Moura, Porto: Campo das Letras, 1999.
Leituras de Walter Benjamin, org. Márcio Seligmann-Silva, São Paulo: FAPESP, 1999.
Origem do Drama Trágico Alemão, ed., apres. e trad. João Barrento, Lisboa: Assírio & Alvim, 2004.
Convite
fotos Google
Oi Ana Marly
ResponderExcluirSurpresa ver Benjamin por aqui...
Há um texto muito interessante dele, qualquer coisa como A Era da Reprodutibilidade Técnica, no qual ele discute arte moderna e contemporânea. Vale a pena conferir, todos que gostam do assunto.
gde. abraço
De fato, Andrea Benjamin escreveu muito e bem, vou procurar este texto que você recomendou para eu ler. Obrigada! Abraços Poétiocs desta CaipiracicabANA Marly de oOLiveira Jacobino
ResponderExcluirMo paia
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