Publico o comentário-poético do Professor Aluísio Cavalcante Junior, que muito nos honra:
Querida amiga
Talvez pior do que a ditadura,
foi a semente do esquecimento
semeada naqueles tempos.
#Quantos doaram suas vidas
para que tivéssemos um País
livre, e hoje tiveram
uma segunda morte,
a morte de suas lembranças.
#Assim, postagens como esta,
são tributos a esperança,
pois lembram
aqueles que realmente
deveriam ser lembrados.
#Viver é sentir os sonhos
com o coração
Camillo de Jesus Lima Filho de Francisco Fagundes de Lima e D. Esther Fagundes da Silva trazia no sangue a estirpe de várias famílias tradicionais da cidade. Camilo nasceu em Caetité, no dia 8 de setembro de 1912 e veio a falecer em Itapetinga, no dia 28 de fevereiro de 1975.
O seu pai, o professor Chico Fagundes, homem integro e de poucas palavras, devotado às leituras e ao magistério, era ateu convicto, e com isso, muito influenciou ao filho, e marcou na cidade por seu jeito distraído e absorto, então, Camillo dedica-lhe um poema em que revela ser ele um gênio incompreendido por não comungar a fé dominante e "ler Shakespeare no original".
Com muita honra publico o comentário do filho do Poeta Camilo:
Senhora Ana Marly:
Pesquisando a internet á procura de matérias para postar no meu blog (poetacamillo.blogspot.com) tive a honra de encontrar um texto jornalístico feito por você datado de setembro de 2011. Fiquei muito emocionado e agradecido pelo seu gesto. Estamos preparando a comemoração do centenário do " Poeta da liberdade" assim o chamava Zélia Saldanha.
Meus agradecimentos, fique com Deus.
Luiz Carlos (Filho de Camillo)
foto atual da cidade de Caitetê na Bahia
Camillo realiza a breve experiência do Colégio de Caetité, do Padre Luis Soares Palmeira (1935-1938), local onde tem a honra de lecionar com o seu pai.
Tempos depois transfere-se para Vitória da Conquista uma vez que a crise provocada pela seca de 1939/40 forçara a mudança do Colégio do Padre Palmeira, onde ensinava, para aquela cidade (motivo aparente, pois na verdade; o que ocorreu foi um convite dos chefes políticos daquela cidade que, assim, visavam proporcionar uma educação de qualidade para seus filhos, como atesta Mozart Tanajura no histórico que fez daquela cidade, emancipada de Caetité em 1840). Ali Camillo produz sólidas amizades, que o acompanhariam por toda a vida, sempre no meio artístico e intelectual, sem perder, contudo, os laços afetivos com a terra natal.
Jornalista, escritor, professor, deixando extensa obra literária, do romance ao conto, mas é na poesia que se consagra, já em 1942, com o livro Poemas, recebedor do Prêmio Raul de Leoni da Academia Carioca de Letras (edição de "O Combate", que publicou quatro de seus livros). Publicou: As Trevas da Noite Estão Passando ("O Combate", em colaboração com Laudionor Brasil, poemas, 1941); Viola Quebrada ("O Combate", poesia, 1945); Novos Poemas ("O Combate", id., ib.); Cantigas da Tarde Nevoenta ("Edição de Artes Gráficas - Salvador", poesia); Memórias do Professor Mamede Campos (romance); A Mão Nevada e Fria da Saudade ("Edições MAR", poesia), e muitos outros.
Sua poesia plena de lirismo cativa, e tem em Vitória da Conquista, num tempo onde surgem Glauber Rocha, Elomar e outros, um meio artístico incomum, que, por produzir pensamentos, provocou reação junto àqueles para quem o pensar e a palavra eram armas perigosas, a ser combatidas…
Golpe Militar de 1964 e sua perseguiçao aos intelectuais
O Golpe Militar de 1964 mergulhou o Brasil em triste período de sombras. As primeiras vítimas do movimento foram os cérebros que produziam arte, que viam com sensibilidade o sofrimento de seu povo, e pensavam ser possível um mundo melhor.
Camillo era redator do "O Jornal de Conquista", e morava em Macarani, quando foi preso e levado para a Vitória da Conquista, onde já estavam detidos Pedral Sampaio (prefeito da cidade) e Reginaldo Santos (redator d'O Combate), dentre outros. Eis o resumo deste episódio, sob a descrição de Emiliano José (escritor e jornalista, autor da biografia de Marighella):
Os presos do 19º Batalhão de Caçadores, depois dum habeas corpus da Justiça Militar, foram transferidos secretamente para o Quartel de Amaralina, em Salvador. Ali, incomunicáveis, planejaram uma fuga, suspensa porque souberam da visita do General Ernesto Geisel, que por pressão do chefe da Comissão Geral de Inquéritos iria verificar as condições dos presídios.
Othon Jambeiro sugeriu que se colocasse um cartaz na cela, com os dizeres em italiano: "LASCIATE OGNI SPERANZA VOI CHE ENTRATE", dizeres que Dante Alighieri colocara na porta do Inferno, em sua Divina Comédia, e que significa: deixai toda esperança, vós que entrais. Geisel, chegando, leu e perguntou quem colocara aquilo, e por quê. Jambeiro assumiu e contou-lhe a situação vivida ali. Surpreendendo os presos que não o sabiam culto, o severo militar perguntou: "Isso não é de Dante Alighieri?" e comentou: "Vejo que há algum intelectual aqui."
Foi então que o poeta Camillo de Jesus Lima adiantou-se e, sereno e firme, respondeu - "General, intelectuais somos todos os que aqui estamos. E intelectuais lutando por uma causa justa".
Camillo na redação de um dos jornais que trabalhou
Libertado, lança em 1973 O Livro de Miriam, dedicado a sua esposa, obra que, neste mesmo ano, em visita a sua Caetité natal, doa à Biblioteca Pública. Lá revê amigos, vive um pouco daquilo que todos os visitantes e filhos da terra moradores doutras paragens experimentam: a amizade, a alegria do reencontro… mas foi uma despedida.
Libertado, lança em 1973 O Livro de Miriam, dedicado a sua esposa, obra que, neste mesmo ano, em visita a sua Caetité natal, doa à Biblioteca Pública. Lá revê amigos, vive um pouco daquilo que todos os visitantes e filhos da terra moradores doutras paragens experimentam: a amizade, a alegria do reencontro… mas foi uma despedida.
De 1964 até sua morte, em 1975, Camillo jamais deve ter se reabilitado. Foi justamente naquele ano, quando o Brasil havia mergulhado no período mais negro da ditadura, com Geisel na Presidência, que as perseguições se acentuam. Morrem misteriosa e acidentalmente Anísio Teixeira, Juscelino Kubitschek, João Goulart… morre, misteriosamente atropelado em Itapetinga, o poeta Camillo de Jesus Lima
Diálogo EternoPor que é que as tuas mãos - as tuas mãos esguias,
Mais alvas do que a névua que anda no ar,
Palidas - tremem tanto assim, tão frias?
- Talvez seja do frio luar...
#Por que é que a tua boca - o rosal que floresce
Para tornar mais dolorosos meus delirios,
Subtamente treme e empalidece?
- É o perfume que vem das pétalas do lírio...
#Por que é que os olhos teus - lagos, mansos, serenos,
Cerram-se como os olhos de quem dorme?
Que é que tem os teus olhos sarracenos?
- Talvez seja o pavor das noites enormes...
#Por que teu coração bate tanto assim, tanto?
Que espectro aterrador transitor por aqui?
- É o amor que chega... bem o sinto... e este quebranto...
Beija-me toda... assim... vem de ti... vem de ti...
Camillo de Jesus Lima recebe do Agenda Cultural Piracicabana e do Sarau Literário Piraicabano a "Rosácea Pùpura" por seus serviços prestadoa a Literatura Brasileira! Salve Camillo, salve, salve!
Espelho
Ao receber-te nos meus braços, como estéta
Hei de prender o instinto, a fera já domada;
Nos teus olhos azuis nada mais verei, nada
Mais que um raio de luar na água morta e quieta.
#Percorrendo o teu corpo, as minhas mãos de poeta
Hão de achar a beleza eternamente ansiada.
Buscando a perfeição, encontrei, em cada
Curva, um motivo mais de exaltação completa.
#Ao reclinar-te, assim, toda branca, em delírio,
Não hão de maguar as minhas mãos perversas;
Hei de ter a impressão de quem desfolha um lírio...
#E no teu corpo, em teu anseio, em teu pudor
Verei da natureza as mutações diversas,
- Grande poema imortal de beleza e explendor!
http://poetacamillo.blogspot.com/
Venha conhecer a alegria de um Sarau Literário
Raquel de Queiróz, a "Dama da Ficção Social Nordestina" convida para o "Sarau das Flores" que vai acontecer no dia 13 de Setembro (19h30)no Teatro Municipal de Piracicaba na sala 2.
Convidada local homenageada pelo Sarau Literário Piracicabano: a escritora, poeta piracicabana das crônicas e poemas fortes (muitos deles de cunho social) a "Dama da Ficção Social Piracicabana": Dirce Ramos de Lima.
"O Sarau mais charmoso da cidade”
Teatro Municipal Drº Losso Netto em Piracicaba
Venha ouvir Poesia, Música, Teatro...
Entrada Franca (lotação 100 lugares retirar na bilheteria do Teatro Municipal
fotos by google
Querida amiga
ResponderExcluirTalvez pior do que a ditadura,
foi a semente do esquecimento
semeada naqueles tempos.
Quantos doaram suas vidas
para que tivéssemos um País
livre, e hoje tiveram
uma segunda morte,
a morte de suas lembranças.
Assim, postagens como esta,
são tributos a esperança,
pois lembram
aqueles que realmente
deveriam ser lembrados.
Viver é sentir os sonhos
com o coração.
Lindas palavras acima.
ResponderExcluirMeu patriotismo individual sempre foi seguir e obedecer as leis vigentes em cada época.
Mas admiro os que tem recursos especiais para desafiar e mudar algo que não lhes agrada, principalmente, quando ,muitos anos depois, nos devolve com versos emocionados!
Dirce Ramos de Lima
Lindooooooo! Esta interação do Professor Aluisio com a nossa querida escritora Dirce. Fica sempre um pouco de perfume nas mãos dos que espalham lembranças...Abraços Poéticos desta CaipiracicabANA Marly de Oliviera Jacobino
ResponderExcluirOlá, Muito bom estár aqui.Saber um pouco mais da nossa hitória e de Camilo de Jesus. Belos versos! O texto muito rico de informação. Estamos sempre aprendendo! Grande abraço!
ResponderExcluirAgradeço a sua visita e o comentário sobre a nossa publicação. Volte sempre e obrigada!
ResponderExcluirAbraços Poéticos desta CaipiracicabANA Marly de Oliviera Jacobino
Bom dia: Cidinha: Agradeço a sua visita e o comentário sobre a nossa publicação. Volte sempre e obrigada!
ResponderExcluirAbraços Poéticos desta CaipiracicabANA Marly de Oliviera Jacobino
Senhora Ana Marly:
ResponderExcluirPesquisando a internet á procura de matérias para postar no meu blog (poetacamillo.blogspot.com)tive a honra de encontrar um texto jornalístico feito por você datado de setembro de 2011. Fiquei muito emocionado e agradecido pelo seu gesto. Estamos preparando a comemoração do centenário do " Poeta da liberdade" assim o chamava Zélia Saldanha.
Meus agradecimentos, fique com Deus.
Luiz Carlos (Filho de Camillo)
Caríssimo Luiz Carlos; a emoção tomou conta do meu espírito ao ver o seu comentário aqui na Agenda Cultural Piracicabana. Também, homenageei o seu querido pai "Poeta da Liberdade"na minha escrivaninha no Recanto das Letras.Abraços Poéticos desta CaipiracicabANA Marly de Oliveira Jacobino
ResponderExcluirO meu avô paterno Horácio Fagundes de Lima (falecido)era primo carnal de Camillo, logo sou prima em 3º grau. Fico feliz pela homenagem ao meu primo. Parabéns pelo seu centenário e que Deus o abençoe aonde quer que ele esteja.
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